domingo, 16 de agosto de 2009

Oink oink, qual é a sua?

Por Cláudia Rodrigues

Último texto sobre a gripe Fui à praça levar a pequena para divertir-se ao sol. Sim, hoje fez mais um dia de sol e calor e lá se vai o veranico de agosto. A volta da chuva e da enésima frente fria desse inverno, o mais rigoroso desde 1965, estava prevista para hoje, mas chegará amanhã. Segundona com chuva na volta às aulas. Detesto frio, só fico realmente feliz sob sol de 30ºC, mas curiosamente o frio não faz mal a minha saúde. Encontrei uma conhecida de óculos escuros, a-pa-vo-ra-da. Mais uma que amanhã não liberará o filho para a aula. Diz que vai esperar o quanto for preciso, repetiu feito uma metralhadora as últimas notícias do jornal e validou-as citando a mãe, enfermeira de um grande hospital da capital. Com o rosto transtornado pelo pânico, ela não quis saber que a gripe comum no inverno passado matou alguns milhares de pessoas, enquanto a suína, já no final do inverno matou algumas centenas. Não acredita em dados, sofre de certeza panicosa, fala de uma conspiração dos órgãos oficiais de saúde, que estariam burlando os números. Citou uma amiga que está em coma induzido, com várias complicações, infecção generalizada e mais meia dúzia de problemas em decorrência da gripe. Gaguejei: é, ninguém está livre, mas entrar em pânico... Ela cortou: já morreu alguém conhecido seu? Eu: não. Ela: pois já morreu um conhecido meu, fora essa amiga que está em coma induzido; é uma ignorância não levar isso a sério, é uma pandemia, uma pandemia. Desisti de argumentar, não iria eu chamá-la de ignorante em troco, nesses casos o melhor é dar o prefixo e sair do ar, mas ainda estava a fim de criar um clima ameno para despedir-me amigavelmente, já arrependidíssima da abordagem, mas era impossível, ela falava com as sobrancelhas arqueadas, os lábios finos, fascinada pelo assunto, sem espaço para tréguas. Emporcalhou-se a falar sobre máscaras, que a mãe, o pai ou não sei quem deu a ela 6 tipos diferentes, uma que vale inclusive por nove horas. Tive vontade de rir ao imaginar as pessoas todas de máscaras no novo mundo suíno, mas disfarcei. Olhei as crianças brincando, minha filha descalça, de camisetinha, o dela vestido de moleton de inverno e tênis. Como diriam os adolês, estou em outra vibe e não falo mais de gripe. Vou continuar cultivando diferenças, investindo em tolerância, mas quando o assunto for gripe sairei à francesa.

3 comentários:

  1. É dona Claudia, a coisa é séria. A ignorância leva as pessoas a fazerem coisas inacreditáveis. E, a nossa imprensa coopera dia a dia. Tenho uma amiga que voltou dos EUA na semana passada, disse que lá, não ouviu falar de gripe em lugar algum.
    Agora aqui, eles vão fazer muito circo ainda. Você ficou assustada com a sua amiga, relaxe, tem prefeito proibindo a população de sair na rua.
    É uma festa, vale tudo!

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