Cláudia Rodrigues
Nos últimos anos releituras nacionais e internacionais mais palatáveis para o senso comum foram introduzidas fazendo surgir um certo enternecimento mamário que aliou-se mal a boas pesquisas antropológicas sobre comportamento humano em tribos ancestrais. Pronto, dessa salada russa nasceu a onda de enaltecer a amamentação desconsiderando a premissa fundamental de que a amamentação de um bebê de até seis meses, quando ainda não se alimenta de outras fontes e portanto deve ser em livre demanda, é igual a de um bebê de 12 meses, já apto para comer a comida da mesa de sua família.
Esse segundo ano de vida do bebê humano civilizado, contracultural, está se tornando um vício oral, uma remissão oral. Não faltam mães gritando que a criança não quer comer, que prefere o peito acima de tudo. Incentivados a mamar 7, 8 vezes ao dia, como um bebê de 6 meses, os bebês que já andam, balbuciam as primeiras palavras e poderiam ser razoavelmente alimentados com leite materno e outras comidas, acabam chegando ao terceiro ano de vida literalmente presos ao peito de sua genitoras como se tivessem poucos meses de vida. Conscientes de seu próprio "eu" aos três anos, o desmame vira um campo de batalha, a criança sabe que é separada da mãe, mas vive a onipotência de exigir os peitos antes e depois das refeições, em qualquer lugar, com ataques de birra e choro desesperado. Vivem os bebês um conflito cultural imposto em nome do afeto e têm a difícil tarefa de decidirem sozinhos intercalar as mamadas, hábito prazeroso que significou para eles a própria sobrevivência durante os primeiros meses após o nascimento, hábito vital para repararem a dor da perda de simbiose absoluta com a mãe no útero.
O principal argumento das aleitadoras a perder de vista é que Sigmund Freud era um idiota e sexualizava o peito, que a amamentação em livre demanda, na hora que a criança pede (?), deve ser mantida porque antigamente nas tribos a criança mamava até 7 anos. Como se amamentar uma criança de 7 anos não fosse manter um grau de simbiose altíssimo, como se os primeiros dois, três anos de vida do bebê não fossem já comprovadamente suficientes para ele compreender que é separado da mãe, apto para a vida sem o leite exclusivo de uma única pessoa no mundo. Como se a entrada na fase de autonomia, entre 2 e 4 anos, não exigisse uma soltura desse laço direto com o leite da mãe, como se o suor, o corpo a corpo, o colo, a atenção real, as brincadeiras, o enxergar e viver ao lado de uma criança maior, não fossem suficientes para acalentá-la e fazer com que se sinta amada o bastante de forma justa e honesta.
E sobre Freud, que nem é a minha praia, ele está sendo muito mal interpretado de qualquer maneira porque amamentação é um ato da sexualidade humana sim, mas isso nem vem ao caso e nem tem nada a ver com bebês tarados e outras sandices. A sexualidade na amamentação tem a ver com prazer de viver, de poder engolir o mundo com a boca, enquanto o mundo só pode ser abocanhando dessa forma e é intenso e deve ser intenso antes que mãos e braços, pés e pernas conquistem outros prazeres. E quantos prazeres adquire uma criança que é livre para isso! E como é importante para ela ir à luta em seu desenvolvimento!
Nem consigo imaginar o grau de submissão que vive uma garota de 6 anos chegando da escola e ao contar para a mãe os problemas com as colegas, ganha como consolo a amamentação! Nem Wilhelm Reich poderia ter adivinhado um bom nome para classificar esse tipo de atenção!
Acreditar que oferecer tudo que a criança quer em objetos é tão ruim quando dar a ela a ilusão de que todas as suas frustrações devem ser atendidas pelo peito materno. Se para um bebê de 5 meses, o máximo de consolo para suas frustrações, por ainda não saber ao menos engatinhar, é mamar para receber abastecimento emocional; para o bebê de 24 meses ganhar o peito ao primeiro mimimi, é remetê-lo a uma fase de inteligência emocional que ele já superou.
Durante o último século Melanie Klein, Margareth Mahler e
mais alguns pensadores-pesquisadores do comportamento humano descobriram que o
bebê era um indivíduo e não merecia ser tratado como objeto, não merecia
apanhar ao nascer, nem ser separado da mãe com brutalidade ou educado com
violência, mas compreendido em suas necessidades, observado em seus choros, ser
atendido de acordo com seu desenvolvimento bio-psíquico-motor. Melanie Klein
debruçou-se sobre o bebê e seus desejos, seu sono onírico após receber o aconchego
do leite morno, o embalo no colo, que representaria para ele uma espécie de
ilusão de volta ao útero, ilusão que bem atendida só traria benefícios a ele.
Margareth Mahler dedicou sua vida a observar o comportamento
dos bebês na fase de simbiose - vivida no útero e nos primeiros 3 meses de vida -, e da dessimbiotização a partir dos 3 meses. Perto dos seis meses os bebês
observados por ela em 20 anos de pesquisa em settings terapêuticos, já
apresentavam uma maior interação com as pessoas e passariam a viver a partir
daí crises de diferenciação e separação, até que por volta dos dois anos se
tornavam aptos para entenderem-se como seres separados de suas mães, já não
vistas como uma espécie de extensão do corpo deles, mas alguém que vai e volta
e tem seu próprio corpo. É a fase em que as crianças apontam para o próprio
nariz ou o peito e dizem cheias de motivação: eu!
Nos últimos anos releituras nacionais e internacionais mais palatáveis para o senso comum foram introduzidas fazendo surgir um certo enternecimento mamário que aliou-se mal a boas pesquisas antropológicas sobre comportamento humano em tribos ancestrais. Pronto, dessa salada russa nasceu a onda de enaltecer a amamentação desconsiderando a premissa fundamental de que a amamentação de um bebê de até seis meses, quando ainda não se alimenta de outras fontes e portanto deve ser em livre demanda, é igual a de um bebê de 12 meses, já apto para comer a comida da mesa de sua família.
Complexo abordar a importância do desmame sadio, a termo,
alegre e bem resolvido em um país em que os índices de desmame precoce são
alarmantes, mas negar a importância do desmame em nome do mal feito da
precocidade não é uma falta menos grave.
Esse segundo ano de vida do bebê humano civilizado, contracultural, está se tornando um vício oral, uma remissão oral. Não faltam mães gritando que a criança não quer comer, que prefere o peito acima de tudo. Incentivados a mamar 7, 8 vezes ao dia, como um bebê de 6 meses, os bebês que já andam, balbuciam as primeiras palavras e poderiam ser razoavelmente alimentados com leite materno e outras comidas, acabam chegando ao terceiro ano de vida literalmente presos ao peito de sua genitoras como se tivessem poucos meses de vida. Conscientes de seu próprio "eu" aos três anos, o desmame vira um campo de batalha, a criança sabe que é separada da mãe, mas vive a onipotência de exigir os peitos antes e depois das refeições, em qualquer lugar, com ataques de birra e choro desesperado. Vivem os bebês um conflito cultural imposto em nome do afeto e têm a difícil tarefa de decidirem sozinhos intercalar as mamadas, hábito prazeroso que significou para eles a própria sobrevivência durante os primeiros meses após o nascimento, hábito vital para repararem a dor da perda de simbiose absoluta com a mãe no útero.
O principal argumento das aleitadoras a perder de vista é que Sigmund Freud era um idiota e sexualizava o peito, que a amamentação em livre demanda, na hora que a criança pede (?), deve ser mantida porque antigamente nas tribos a criança mamava até 7 anos. Como se amamentar uma criança de 7 anos não fosse manter um grau de simbiose altíssimo, como se os primeiros dois, três anos de vida do bebê não fossem já comprovadamente suficientes para ele compreender que é separado da mãe, apto para a vida sem o leite exclusivo de uma única pessoa no mundo. Como se a entrada na fase de autonomia, entre 2 e 4 anos, não exigisse uma soltura desse laço direto com o leite da mãe, como se o suor, o corpo a corpo, o colo, a atenção real, as brincadeiras, o enxergar e viver ao lado de uma criança maior, não fossem suficientes para acalentá-la e fazer com que se sinta amada o bastante de forma justa e honesta.
As brasileiras conseguem sair de um extremo de desmame precoce, abrupto, com
índices vergonhosos, para um problema novíssimo em nome da teoria do apego, de John Bowlby, que nem considerava o alimento como o vínculo principal, mas o aconchego, o holding. Por aqui virou retenção da criança em uma fase que ela já não vive em
seu corpo biológico, em sua fase cronológica, em seu direito de ser indivíduo,
dependente da mãe e de cuidados exteriores, mas com mais autonomia e atenção outras, até mais complexas em termos de qualidade. A criança maior torna-se, em nome do afeto, refém de
uma fonte de alimento que só a mãe pode dar, em uma fase em que pode e desfruta
de comer sozinha até com talheres.
E sobre Freud, que nem é a minha praia, ele está sendo muito mal interpretado de qualquer maneira porque amamentação é um ato da sexualidade humana sim, mas isso nem vem ao caso e nem tem nada a ver com bebês tarados e outras sandices. A sexualidade na amamentação tem a ver com prazer de viver, de poder engolir o mundo com a boca, enquanto o mundo só pode ser abocanhando dessa forma e é intenso e deve ser intenso antes que mãos e braços, pés e pernas conquistem outros prazeres. E quantos prazeres adquire uma criança que é livre para isso! E como é importante para ela ir à luta em seu desenvolvimento!
Nem consigo imaginar o grau de submissão que vive uma garota de 6 anos chegando da escola e ao contar para a mãe os problemas com as colegas, ganha como consolo a amamentação! Nem Wilhelm Reich poderia ter adivinhado um bom nome para classificar esse tipo de atenção!
Uma criança para além dos três anos de idade em livre demanda,
sem receber ensinamento de que o corpo da mãe não pertence a ela, que ela mesma
tem seu próprio corpo e tão capaz, está é recebendo investimento em falta de
confiança na sua capacidade emocional de buscar consolos não somente orais, mas
também orais, em outras fontes com seus braços e pernas já plenos de movimentos
voluntários.
Narcisismo materno, é disso que estamos falando, da mãe que se orgulha de amamentar, de ter leite, de aleitar, sem se importar com a evolução da criança. É uma nova maneira de tratar o bebê como objeto da mãe. É duro para a contracultura atual compreender que o desmame gradual, benigno, alegre, inicia com a introdução do primeiro alimento e que a partir da introdução dos novos alimentos, as mamadas devem ser conduzidas pela mãe com respeito máximo, baseadas em observações da evolução do comportamento da criança e de suas necessidades de acordo com sua maturidade emocional, física e cortical, que é igual em todos os continentes, em todas as etnias.
Narcisismo materno, é disso que estamos falando, da mãe que se orgulha de amamentar, de ter leite, de aleitar, sem se importar com a evolução da criança. É uma nova maneira de tratar o bebê como objeto da mãe. É duro para a contracultura atual compreender que o desmame gradual, benigno, alegre, inicia com a introdução do primeiro alimento e que a partir da introdução dos novos alimentos, as mamadas devem ser conduzidas pela mãe com respeito máximo, baseadas em observações da evolução do comportamento da criança e de suas necessidades de acordo com sua maturidade emocional, física e cortical, que é igual em todos os continentes, em todas as etnias.
Segundo as releituras mal feitas e mal aplicadas, o bebê ou
criança após os três anos larga o peito espontaneamente. Curioso que esse
argumento é usado tanto pelas mães que desmamam precocemente antes do primeiro
ano de vida da criança, quanto pelas que defendem que a criança em algum
momento de sua vida, que pode ser entre 3 e 7 anos ou mais, vai largar por ter
outros interesses. Que peso para uma criança de 4 anos, no final da sua fase de
provar aos adultos que está tão apta, ter que pedir permissão para não mamar!
É assim que funciona de fato. A mãe que começa a dar papinhas aos 4 meses e introduz mamadeira tenderá a enfrentar um bebê que perde o interesse pelo peito bem antes de compreender que a mãe e ele são seres separados, o vínculo primário da compreensão corporal-cortical é rompido. Há aí precocidade, sem dúvida, de desmame. Por outro lado, a mãe que não ensina o bebê a dormir, a esperar o peito quando ele já está em fase de alimentar-se com sólidos e usa o peito para 9 entre 10 demandas do bebê por consolo e distrações, quando ele já ruma ao segundo ano de vida, está engambelando um bebê apto a brincar e se relacionar de muitas maneiras com ela e com o mundo. Está mantendo a criança em um vínculo primário de afeto.
É assim que funciona de fato. A mãe que começa a dar papinhas aos 4 meses e introduz mamadeira tenderá a enfrentar um bebê que perde o interesse pelo peito bem antes de compreender que a mãe e ele são seres separados, o vínculo primário da compreensão corporal-cortical é rompido. Há aí precocidade, sem dúvida, de desmame. Por outro lado, a mãe que não ensina o bebê a dormir, a esperar o peito quando ele já está em fase de alimentar-se com sólidos e usa o peito para 9 entre 10 demandas do bebê por consolo e distrações, quando ele já ruma ao segundo ano de vida, está engambelando um bebê apto a brincar e se relacionar de muitas maneiras com ela e com o mundo. Está mantendo a criança em um vínculo primário de afeto.
Desmamar não é desamar, criar uma criança que se sinta
segura e amada, não é nem de longe retê-la ao peito, mas pode ser um jeito
fácil de não dar atenção adequada para a idade, para a fase em que a criança
está. Mais do que isso, é investir em uma relação manipuladora da criança em
relação ao corpo materno, dando a ela uma ilusão de simbiose que já não traz
satisfação genuína, mas apenas satisfação de controle sobre o corpo da mãe. Que
conflito!
Soma-se a isso a moda retrô obrigatória da cama
compartilhada também a perder de vista e aí não basta dormir gostoso, com aconchego,
tem que plugar a criança a noite inteira, ensinando-a que dormir e mamar são a
mesma coisa. Temos o quadro da dor, uma criança que não foi orientada a dormir
e sofre toda vez que surge o desplugue no meio da noite. Levanta a mãe para
fazer um xixi básico e toma lá um berro no meio da madrugada de um moleque de 3
anos!
Lá na pracinha briga a menina de 3 anos com a amiga e corre para receber o peito, enquanto a mãe da amiga apenas limpa e consola a filha, incentivando-a a voltar a brincar porque ela é capaz, porque ela pode escolher entre outros amigos e outros brinquedos. Quem está sendo mais adequadamente amada? Quem está sendo superprotegida e remetida ao ano anterior do desenvolvimento?
Lá na pracinha briga a menina de 3 anos com a amiga e corre para receber o peito, enquanto a mãe da amiga apenas limpa e consola a filha, incentivando-a a voltar a brincar porque ela é capaz, porque ela pode escolher entre outros amigos e outros brinquedos. Quem está sendo mais adequadamente amada? Quem está sendo superprotegida e remetida ao ano anterior do desenvolvimento?
Acreditar que oferecer tudo que a criança quer em objetos é tão ruim quando dar a ela a ilusão de que todas as suas frustrações devem ser atendidas pelo peito materno. Se para um bebê de 5 meses, o máximo de consolo para suas frustrações, por ainda não saber ao menos engatinhar, é mamar para receber abastecimento emocional; para o bebê de 24 meses ganhar o peito ao primeiro mimimi, é remetê-lo a uma fase de inteligência emocional que ele já superou.
O que dizer de mães que fazem isso com crianças de 3 anos!?
De que buraco de simbiose estamos falando? Da mãe certamente. Quem está com
problemas de separação ao amamentar em livre demanda uma criança de 3 anos é a
mãe.
E como falar de desmame gradual, se a criança mama aos 3 anos constantemente? Não há desmame gradual sem condução materna porque a mãe é a adulta na relação. A criança precisa ser conduzida a partir da observação de seu comportamento desde a introdução dos alimentos e cabe à mãe observar seu próprio comportamento de apego ao poder de amamentar.
E como falar de desmame gradual, se a criança mama aos 3 anos constantemente? Não há desmame gradual sem condução materna porque a mãe é a adulta na relação. A criança precisa ser conduzida a partir da observação de seu comportamento desde a introdução dos alimentos e cabe à mãe observar seu próprio comportamento de apego ao poder de amamentar.
O desejo genuíno de autonomia de uma criança aparece em
muitas atitudes a partir dos 18 meses, mais cedo ou mais tarde ela vai levar e
trazer objetos para o colo da mãe demonstrando o quanto está apta, vai exigir
diversões, pedir para passear, brincar e pode ser cômodo remetê-la ao peito, na
base do toma aí, sossega, que teu prazer é esse e fim! É a mãe que dá, mas não recebe, muito semelhante àquelas que dão mamadeira e chupeta a perder de vista. No fundo livram-se de uma atenção real que a criança requer e é muito mais elaborada do que apenas ser amamentada.
Tratada dessa forma a criança maior começa a sentir-se traída
e inicia protestos, como eles não funcionam, ela se submete e conforme
desenvolve sua inteligência, passa a brincar de controlar a mãe, pentelhar a
mãe cada vez que a vê ocupada. Está feliz e bem atendida uma criança de 3 anos
que toda vez que chora ganha peito? Não! Mas ela pára de chorar e pede mamá com
mais frequência, estabelecendo um jogo de traição, culpa e sedução com a
genitora.
As mães começam a reagir e entram no jogo da raiva, podendo até
mesmo estabelecer um desmame abrupto, outras não dão nem ao menos essa opção;
apenas colocam o moleque no peito, quando o jogo é manter a simbiose a perder
de vista.
Existe data certa para desmamar?
Não, mas existem infinitas datas desde o nascimento que pontuam as capacidades que vão sendo adquiridas pelo bebê. A relação do bebê com o peito pode ser espichada a perder de vista porque a mãe tem esse poder, mas é uma pena que um processo tão belo de simbiose, vínculo reparador para o nascimento e perda do útero se misture tão mal às descobertas que o bebê vai fazendo ao longo de seu desenvolvimento. O desmame é uma fase bonita, longa, prolongada, que pode durar até dois, três anos em movimento constante, educação, orientação, combinados que devem ser respeitados, mas quando desmame significa apenas continuidade da amamentação várias vezes ao dia e a noite inteira, ele deixa de ser processo. É remissão, retenção, falta de confiança na capacidade emocional da criança de se separar um pouquinho só da mãe leiteira para ganhar uma mãe brincante, dona não da criança, mas de seu próprio corpo, respeitadora do corpo, das capacidades de compreensão e da individualidade da criança. Porque a motivação máxima de uma criança entre 2 e 4 anos, a ilusão que deve ser atendida nesse fase, não é mais eu pertenço a você ou você pertence a mim, mas eu sou igual a você e elas vivem repetindo esse mantra em suas palavras: "igal mamãe, igal papai"
Não, mas existem infinitas datas desde o nascimento que pontuam as capacidades que vão sendo adquiridas pelo bebê. A relação do bebê com o peito pode ser espichada a perder de vista porque a mãe tem esse poder, mas é uma pena que um processo tão belo de simbiose, vínculo reparador para o nascimento e perda do útero se misture tão mal às descobertas que o bebê vai fazendo ao longo de seu desenvolvimento. O desmame é uma fase bonita, longa, prolongada, que pode durar até dois, três anos em movimento constante, educação, orientação, combinados que devem ser respeitados, mas quando desmame significa apenas continuidade da amamentação várias vezes ao dia e a noite inteira, ele deixa de ser processo. É remissão, retenção, falta de confiança na capacidade emocional da criança de se separar um pouquinho só da mãe leiteira para ganhar uma mãe brincante, dona não da criança, mas de seu próprio corpo, respeitadora do corpo, das capacidades de compreensão e da individualidade da criança. Porque a motivação máxima de uma criança entre 2 e 4 anos, a ilusão que deve ser atendida nesse fase, não é mais eu pertenço a você ou você pertence a mim, mas eu sou igual a você e elas vivem repetindo esse mantra em suas palavras: "igal mamãe, igal papai"
Texto maravilhoso!
ResponderExcluirMinha filha vai completar dois anos e oito meses.Ainda amamento, e me vi em algumas situações.
Sei que a resistência ao desmame é minha, pois nunca ao menos tentei.
Mas sei que a hora está chegando, e como se fosse uma despedida, vai nos deixando sem saída.
Sei que quando acontecer será o melhor para ela.
Dediquei as melhores horas e o meu melhor para minha pequena e fomos muito felizes.
Mas admito que a hora do desmame já chegou faz tempo!
Muito interessante o seu post. Concordo.
ResponderExcluirPuxa, Cláudia, me fez pensar muito. Meu filho não mama mais, desmamou precocemente aos 6 meses por ignorância minha, que segui uma orientação equivocada do ex-pediatra e introduzi LA na amamentação dele. Mas, mesmo assim, há inúmeras maneiras de infantilizar uma criança que poderia ser mais autônoma, não? Preciso pensar nisso com calma, para ver se não estou fazendo exatamente isso com meu filho de quase dois anos quando me submeto --mesmo sem querer-- a todas as exigências que ele faz de presença, participação. Não que seja ruim estar presente, mas acho que ele está exagerando (ele mal tolera que eu o deixe sozinho por alguns minutos para esquentar o jantar...dele!), e eu não estou conseguindo lidar com a situação. Fiquei pensando em quão saudável está nossa relação nesse momento e onde eu estou errando.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar.
Abraços
Muito sensível e inteligente a sua reflexão Natalie! O peito não é a unica forma de reter a criança em comportamentos que já não a satisfazem mais genuinamente e pode haver uma mãe que amamenta ainda uma criança de 3 anos poucas vezes ao dia, deixando claro que o peito é dela, ao mesmo tempo em que a incentiva no que ela mais deseja de fato.
ResponderExcluirSeu filhinho de dois anos ainda precisa de muito colo e aconchego, mas ficará feliz em se sentir útil em pequenas tarefas, entre elas ajudar você a colocar a mesa, buscar algo que você pede. Ele se importam muito de ser reconhecidos por esses pequenos trabalhos, é o que se chama reforço positivo. E podem chorar para esperar, podem se frustrar e a mãe necessita ser firme e fazer as coisas para que eles comecem a compreender que não são o centro do mundo, mas pessoas ativas, participantes, importantes no contexto familiar.
Necessitam fazer coisas por eles mesmos para não terem ataques de birra, como entrar no carro sozinhos, lavar as mãos, tentar colocar as roupas(ajuda de acordo com a habilidade)enfim, sentirem-se plenos de usar mãos, braços e também o raciocínio, que ainda não é elaborado, mas já é suficiente para conversas e combinados.
A mãe de uma criança de dois anos não deve mais catá-la do chão e levar ao colo como se fosse aquele pacotinho que não sabia andar, deve perguntar se relacionar e explicar o que vão fazer, o que pretendem juntos fazer no parque, no supermercado e em todos esses lugares a criança deve colaborar e sentir-se útil, isso a deixa plena e feliz
Obrigada pelo texto! Me inspirou a começar o desmame gradual por aqui uma vez que o pequeno já tem 2 anos e dois meses a só dorme no peito. Pra minha felicidade, ontem, primeiro dia tentando (com segurança do que eu quero) consegui que ele adormecesse sem ser no peito! Sempre que eu procurava textos sobre desmame (pois já venho pensando nisso há algum tempo) só achava depoimentos lindos de crianças que desmamaram naturalmente aos 3 anos e pouco e pensava, talvez seja melhor simplesmente esperar... mas ao ler este texto me dei conta de que talvez eu estivesse sendo apenas comodista uma vez que meu filho já entende bem muitas coisas e que nem acordos simples eu conseguia estabelecer com ele uma vez que é muito mais fácil abaixar a blusa e dar de mamar quando ele pede!!
ResponderExcluirlimamm
ExcluirÉ isso sem sofrimento, devagar, com respeito não somente à sensibilidade das criança, mas também à inteligência dela. É preciso repensar nossa relação de apego porque os filhos crescem e nós continuamos apegados, pensando no bem-estar deles, para nós o apego deve ser sempre trabalhado ou acabaremos cobrando demais deles em outras fases da vida.
claudia, como fazer isso sem causar sofrimento à criança? meu filho tem 18 meses e estou com essa super dificuldade em fazer o desmame. me vi totalmente no seu texto. achei excelente, era isso que eu precisava ler. mas até agora não encontrei orientações sobre como fazer esse desmame sem traumas, choros desesperados e desgaste emocional.
ExcluirCláudia,
ResponderExcluireu não concordo muito com o texto. Não me entenda mal, cada um tem a sua opinião e deve ser respeitada, mas no caso da amamentação prolongada, eu acho que é uma escolha muito pessoal.
"Não há desmame gradual sem condução materna porque a mãe é a adulta na relação" - hmmm...
"Apego deve ser sempre trabalhado ou acabaremos cobrando demais deles em outras fases da vida" -hmmmm.... também não.
Sou uma mãe que segue muitos princípios do "attachment parenting", entre eles livre-demanda e meu filho de 2 anos não tem nenhum problema por conta do apego e sinto que a sua inteligência esteja sendo devidamente respeitada. Ele não é menos capaz de nada porque ainda mama.
"O desejo genuíno de autonomia de uma criança aparece em muitas atitudes a partir dos 18 meses ..... na base do toma aí, sossega, que teu prazer é esse e fim! É a mãe que dá, mas não recebe, muito semelhante àquelas que dão mamadeira e chupeta a perder de vista. No fundo livram-se de uma atenção real que a criança requer e é muito mais elaborada do que apenas ser amamentada."
Nossa que coisa errada! Não é um ato de "toma aí sossega", onde já se viu? Uma coisa não anula a outra!!
Você pode dar peito e pode saber brincar e dar o que o seu filho realmente precisa. Meu filho pede peito quando está entediado, eu sento com ele no chão, pego um carrinho, o lego, canto e assim brincamos. Se não é isso o que ele quer, e prefere mamar, ele mama sim, sem problemas e principalmente sem "toma aí e sossega".
Realmente Cláudia, fico curiosa de saber a sua história de amamentação...
Marina
Marina
ExcluirOlha, não vou responder sobre sua interpretação do texto porque ela é sua, não vou ficar explicando o que escrevi e você tomou linearmente, tomou contra sua experiência, isso é muito desgastante, mas enfim vou tentar matar sua curiosidade sobre minha história pessoal com amamentação por 3 vezes.
Desde a primeira gestação desejei amamentar. Meu primeiro filho nasceu de parto normal em um esquema hospitalar muito agressivo, ele teve infecção generalizada, foi desenganado pelos médicos e durante os 19 dias em que esteve internado tomou fórmula misturada com meu leite. Isso era 1991, nada de bancos de leite.
Ele aprendeu a sugar apenas em seu 12º dia de vida e então já entrava menos fórmula e mais do meu leite. Quando ele saiu do hospital, internei-me nua em casa grudada nele e ele apenas mamou em mim sem qualquer complemento, engordou bem, sob a ameaça do pediatra que exigia complemento, mamou exclusivamente no meu peito até seis meses, foi um bebê que aceitou bem comida, cresceu muito bem, era do tipo fofão e nunca na vida tomou mamadeira. Até hoje é um rapaz que não gosta de leite de vaca. Mamou em mim até 22 meses, teve um desmame dirigido por mim por eu estar grávida, era o que se sabia na época, que deveria ser desmamado. Não curti, não gostei de desmamá-lo e não foi justo, não foi um desmame natural, não foi sequer um combinado respeitoso entre nós, apesar dele não ter apresentado sintomas, talvez por ter sido um desmame gradual. Achei longe de ser um desmame ideal. Não recomendo esse tipo de desmame, totalmente dirigido pela mãe.
A segunda filha nasceu em casa, mamou imediatamente, mamou exclusivamente até os 7 meses, começou a comer também muito bem com 7 meses e desmamou aos dois anos exatamente durante uma viagem de férias na fazenda da avó, quando achou mais divertido acordar cedo para ver as galinhas e catar ovos do que mamar em mim. A avó dava muitas comidas, ela não pedia, eu não oferecia porque achava que essa demanda devia ser dela. Eu sofri com os peitos cheios, tirava um pouco no banho, coloquei na xícara para ela. Ela voltou a mamar 10 dias depois, depois 15 dias, até que um dia pediu e disse sorrindo: tem gosto de côco. Ela adorava côco, mas riu e se foi, nunca mais pediu para mamar.
Minha terceira filha, que também nasceu em casa, mamava muito rapidamente, cinco minutos em cada peito, foi um bebê gordo, glutão, mas que jamais gostou de consolar-se ao peito. Peito para ela era leite, dormia sem mamar, mas mamava sempre muito bem. Foi ao prato aos seis meses porque eu segurei dela ir antes, ela demonstrava muito interesse por comer conosco e mamou até dois anos e seis meses, alternando dois, três dias sem mamar, voltando, indo e vindo, eu nem percebi, não tive problemas de seios cheios, não precisei aliviar, foi bem lento e gradual no tempo dela, sem interferências minhas ou ambientais.
Sou uma defensora ferrenha da amamentação, amei amamentar e sou bem um tipo que esticaria inconscientemente a amamentação para além das demandas das crianças.Mas eu sou uma mãe que avalia o próprio inconsciente, além de considerar que a criança é um sujeito desde que nasce, que tem seu corpo, suas fragilidades e suas tendências de agradar conforme adquire consciência. Encarei o fato de que os peitos sempre foram meus e não me sentia no direito de ficar oferecendo o peito, objeto sedutor de apaziguação infantil, para qualquer choro, qualquer situação. Acho os sintomas da voracidade oral, causada pela oferta exagerada dos consolos orais, algo tão preocupante quanto os da repressão oral, causados por negativas e desmames precoces.
No mais, discordar é viver, o mundo é de todos, o conhecimento e as informações estão aí, nossos erros revistos são sempre positivos, reparação é sempre possível e amamentação é uma fase da vida da criança que poder ser tão feliz quando a do desmame, sem que seja necessário fixar-se em uma delas.
Cláudia, eu escrevi um depoimento em dezembro/2010, quando meu filho tinha 2 anos e 7 meses, bem no auge do processo de desmame do meu filho mais velho, que parou de mamar definitivamente aos 3 anos e 1 mês. Eu fechei meu blog, por isso não vou linkar, mas peço licença para colar aqui o texto, porque apesar de ser um depoimento pessoal, e ter sido escrito imersa em todos sentimentos que o desmame me provocou, acho que se encaixa bem em sua reflexão.
ResponderExcluirDesmame natural é possível?
A amamentação do Arthur sempre foi muito importante em nossas vidas. De uns tempos para cá, a questão do desmame também passou a ser muito presente.
Sou favorável à amamentação prolongada e desejava um desmame natural, independente de quando isso acontecesse. Entretanto, com o passar do tempo, amamentar deixou de ser tão prazeroso para mim e, em alguns momentos, passou mesmo a ser desagradável. Como mãe de primeira viagem, criei minhas expectativas e busquei estar aberta aos imprevistos, mas algumas vezes não consegui me preparar para lidar com acontecimentos que batiam de frente com meus ideais, como esse do desmame natural. E sofri. E Arthur sofreu.
Não acho que errei, apenas que me apeguei demais a ideais e deixei de perceber os sinais meus e do meu filho, perdendo a oportunidade de fazer as coisas de forma adequada ao nosso caso específico, logo eu que sei tão bem que seguir procedimentos e recomendações generalizadas, sem olhar para as individualidades de cada caso, pode ser muito desastroso.
Se pudesse voltar atrás, o que faria diferente? A livre demanda. Ainda não sei se após 6 meses ou 1 ano, mas teria mudado gradualmente de livre demanda para mamadas rotineiras, com horários definidos, mesmo que sem grande rigidez. Talvez se não tivesse me desgastado tanto com a livre demanda para uma criança sugadora como Arthur, amamentar atualmente seria mais gostoso e pudesse prosseguir com a amamentação até um desmame natural.
Agora me pergunto: afinal, o que é natural? É deixar correr solto? Mas como seres sociais, culturais e biológicos, cujas influências dos envolvidos e do meio constituem as características, ações e reações do indivíduo, não é também natural proceder algumas ações facilitadoras para o andamento do processo? Como mãe, não é minha função orientar, instruir, auxiliar, facilitar os processos de crescimento e aprendizado, como controle de esfincteres, alimentação adequada, socialização, etc? E por que o desmame ficaria de fora?
Portanto, reconhecer o momento em que o processo de desmame está acontecendo, inclusive da minha parte, e facilitá-lo não é de forma alguma errado, agressivo ou mesmo antinatural, é apenas decorrência de nossa história.
Mas quem disse que chegar a tais conclusões foi fácil? Não foi mesmo! Perdida num mundo em que a maioria das pessoas pouco amamentam, acham comum mamadeiras e leites artificiais, era incompreendida na amamentação exclusiva, na livre demanda, mais ainda na amamentação prolongada, que dirá quanto ao desmame natural. Por outro lado, já não encontrava eco nos grupos de defesa da amamentação, com relatos pouco condizentes com minha realidade de mulher, trabalhadora e mãe de uma criança extremamente sugadora.
Por sorte, encontrei algumas pessoas que me apoiaram, me acolheram e ajudaram em minhas reflexões, ainda sim, foi uma caminhada solitária, de mãos dadas apenas com meu filho.
dani, me encontro exatamente nesta situação: "Perdida num mundo em que a maioria das pessoas pouco amamentam, acham comum mamadeiras e leites artificiais, era incompreendida na amamentação exclusiva, na livre demanda, mais ainda na amamentação prolongada, que dirá quanto ao desmame natural. Por outro lado, já não encontrava eco nos grupos de defesa da amamentação, com relatos pouco condizentes com minha realidade de mulher, trabalhadora e mãe de uma criança extremamente sugadora."
Excluirmeu filho tem 18 meses e não sinto mais tanto prazer em amamentar. porém, como sempre amanentei em livre demanda, ele passa a noite na cama comigo, agarrado no peito. de manhã, só levanta após mais uma meia hora de mamada e ainda assim, reclamando muito. eu trabalho e pasos o dia longe dele, mas quando volto ele logo gruda no peito e por aí vai. isso está interferindo também na alimentação dele.
que bom que encontrei mães que entendem e que passaram p situações semelhantes à minh, mas até agora não encontrei muita orientação sobre COMO fazer esse desmame de forma não abrupta. se puder me ajudar, fico grata!
abraço
Nossa, parabéns! Que texto! Me vi nele! Obrigada por compartilhar!
ExcluirÉ isso Dani, é disso que fala o texto basicamente.
ResponderExcluirestas reflexões claudianas... A-DO-RO! obrigada por compartilhar e me inspirar, sempre!
ResponderExcluirlinkei este texto lá no meu recente depoimento sobre nosso processo de desmame, completado aos 3 anos de uma forma muito, muuuuuuito tranquila - mas que nem por isso deixou de envolver dúvidas, inseguranças etc. enquanto ainda não tinha se dado o desfecho final!
http://familianesguinha.blogspot.com.br/2013/07/relato-de-desmame-aos-3-anos-nossa.html
assim como este texto, muitos outros seus sempre me ajudaram e ajudam, nas fases que passaram, nas próximas que virão...
no caso do desmame, meu mote foi assim: "natural, mas com ajudinhas!" (exatamente pra continuar sendo natural, saudável, legal)
e viva as novas fases!
ps: ah, e lá no texto tem uma surpresinha que nem deu pra te contar ainda, desnaturada que fui, nestas correrias locas de la vida... mas aí já conto logo assim, de supetão, que agora vamos ter mais um membro na família: o Rudá! na verdade logo, loguinho, tão logo que daqui a pouco vc já ia saber depois do moleque nascido, hehe! ;)
beijos nossos com amor
Cláudia, o texto é ótimo, li ele agora e achei mais suave do que quando li a primeira vez, quando publicou. Vocë editou alguma parte ou fui eu que mudei?
ResponderExcluirAmamentei muito até por volta de 3 anos e por ali começou lentamente o desmame, que continua até hoje. Minha filha completou no dia onze desse mês 5 anos e mama bem pouquinho antes de dormir a noite. Considero que para nós foi ideal assim, permeando um monte de fatores emocionais da nossa família e uma grande necessidade de sucção da minha filha (que chupa o dedo até hoje... estamos nesse momento lidando com esse processo de largar o dedinho de vez) . Bom, não sei onde me encaixar nessa história toda, mas creio que a escolha por não desmamar abruptamente e manter essa pequena mamada até hoje (tem quase 1 ano que estamos assim), foi bom pra ela, pra não dizer essencial. Assim como a sucção do dedo, que desde o início desse ano comecei a conduzir, com muito cuidado e já tenho resultados positivos, ela me entende e será uma perda natural e não (tão) traumática. Entender onde termina a necessidade da minha filha e onde começa a minha é algo extremamente complexo e requer auto-avaliação constante... Porque como sabemos, isso tudo se mistura e as necessidades muitas vezes são respostas aos comportamentos uma da outra o que não significa culpa, mas auto-compreensão, responsabilidade. Enfim, estou aqui tentando descobrir aonde "mora" a minha estranheza com esse texto. Conheci bem de perto crianças com 2 anos que viviam de mamadeira, se recusando a comer. Sempre pensei que nesse caso, era melhor que mamasse... Então, creio que no fim das contas o problema não é o mama, mas a individualidade de cada mulher em perceber o seu momento e orientar sua criança pequena, ainda mais quando esta é exigente. Nesse texto, mais uma vez, amamentar se torna o foco do problema (como escutamos diversas vezes no senso comum), quando existem questões emocionais e psicológicas ali, que são de fato o problema. A pergunta que eu sempre me faço... Parar de amamentar resolve? Enfim, eu gosto muito da reflexão que vc propõe, mas acho que o foco (quem sou eu, hein!) é outro. Tenho certeza que vc sabe bem melhor do que eu sobre o que estou falando... rrsss
esqueci de pedir notificação
ResponderExcluirNão editei Carol, mas quando edito é para corrigir vírgulas, imprecisões, dificilmente corrijo a ideia, coisa que eu posso vir a fazer em 10 anos, preciso tempos maiores para reciclagens ideológicas, que certamente ocorrem, veja só como foi a relação com os três filhos, eu mudei, vamos mudando, gosto de questionamentos e de gente que debate sem deboches, com argumentos, como foi o caso aqui.
ExcluirExcelente!
ResponderExcluirEsse texto é muito esclarecedor, foi muito bom ler agora. Tenha uma pequena de1ano e 7 meses e me via em dúvida para o desmame, mas consigo perceber que o desmame precisar ser feito em mim. A dificuldadeé minha, percebi o quanto estou sendo egoísta com minha filha. Ela precisa da minha seguraça pra seguir. Não é coisa de mãe coruja, mas ela é tão inteligente e desenvolta, e realmente estou exigindo demais dela esperando que ela decida sozinha largar o peito. Foi muito bom encontrar alguém que me fez ver "fora da caixinha".
ResponderExcluirAna Carolina a minha está hoje, em 2016, com 1 ano e 7 meses... vc pode me contar como foi sua experiencia? conseguiu por em pratica o desmame gradual? ela desmamou com que idade? Abraços!
ExcluirNessa fase a criança já consegue entender que o peito é da mãe e não dela, que ela tem seu próprio corpo, então, devagar, com paciência é preciso informar a criança em alguns horários do dia que não vai ter mamá. É importante perceber que horários o mamá é importante de fato e em que horários a criança está apenas entediada e precisando se distrair com outras coisas. Pode-se fazer um convite para um passeio, ver a rua, as pessoas, caminnhar um pouco, brincar. Crianças de quase dois anos já têm muitas preferências outras, inclusive alimentares. Devagar, uma mamada aqui, outra ali, a criança vai compreendendo que o mundo está além do peito da mãe e isso é bom para ambas, o processo de dessimbiotização é lindo e precisa sim da colaboração e do entendimento da mãe, que não deve ser egoísta e reter a criança no peito.
ExcluirGostei muito do texto. Meu filho tem 5 meses e desejo amamentar tanto qunto ele quiser, mas dentro de mim está esse medo de não saber distinguir se é ele quem precisa do peito ou sou eu quem preciso dar... quero dar as ferramentas para ele se sentir seguro e aconchegado sem necessidade do peito... espero ter a sabiduría e a percepção quando esse momento chegue sem violentá-lo.
ResponderExcluirCarolina
Me sinto suspeita para comentar o texto pois amamento meu filho de 3,1 anos praticamente em livre demanda. Para ele o mama só é realmente importante na hora de dormir a noite mas ele pede umas 2 ou 3 vezes de dia se estou em casa também. Com 2 anos e pouco teve uma fase que ele queria mamar muitas vezes e fiquei cansada mas essa fase passou em umas 2 semanas. Quase sempre desde que ele nasceu amamentar tem sido um prazer para mim (e para ele). Não estou preocupada com o desmame mas acredito que deve acontecer naturalmente até os 4 anos. Estou cansada é das críticas e olhares incomodados por eu amamentá-lo. Não acho ele dependente de jeito nenhum e não uso o mamá para consolá-lo das inúmeras quedas do dia-a-dia. Simplesmente sou feliz por ele mamar ainda mesmo que todas as minhas noites atualmente comecem na cama dele o que implica em mudança de cama nas madrugadas. E sou muito feliz por ele ser saudável e nunca ter precisado tomar antibiótico. E ele come de tudo, e muito bem desde 1 ano e meio mais ou menos. E sigamos em frente, cada um com sua experiência né?!
ResponderExcluirAdorei o texto. Amamentei meu filho por 3 anos e 1 mês. O desmame foi super lento. Sempre fui conversando com ele em certos momentos e em outros ele mesmo foi percebendo, mesmo que de forma inconsciente, que o desmame tinha de acontecer e estava acontecendo. Natural.
ResponderExcluirVejo amigas amamentando seus filhos de mais de e 3 anos com o discurso de criar com apego. Para começar, não curto esse termo. Acho que a fase em que mais me identifiquei com esse tipo de criação foi a inicial mesmo. Fase de grande contato pele a pele, dormir junto, amamentar em livre demanda. Meu filho ainda dorme em sua caminha ao lado de nossa cama por motivo de que só temos um ar condicionado. Logo a irmã nasce e não quero trazer mudanças. O ninho está bacana assim! Logo, penso em colocá-lo em seu quarto sim. Quando tivermos a oportunidade de deixar mais fresquinho. Enfim....gostei muito, muito de sua reflexão Claudia. Parabéns! temos mesmo que tomar cuidado e buscar um equilíbrio para td nessa vida. Obrigada!
Olá! Gostei muito mesmo deste texto e ele me ajudou bastante.
ResponderExcluirMinha filha tem 1 ano e 6 meses e adora mamar. Até pouco tempo, a livre demanda não era um problema para mim porque ela normalmente só pedia para mamar nos momentos que eu já estava acostumada.
Aí eu comecei a atravessar uma fase particularmente difícil. Ela estava querendo mamar várias vezes, sempre que eu chegava em casa, quando estava frustrada ou com sono. Eu estava sentindo que nossa relação não estava evoluindo bem. Parecia que ela só me enxergava como um peito ambulante. Acabava que, em certos momentos, eu negava já com raiva e ela acabava querendo ainda mais, chorando muito... Era um ciclo sem fim que estava me deixando desgastada física e emocionalmente.
Cheguei a pensar em desmame abrupto como única solução possível...
Após ler alguns textos (incluindo este) e conversado com amigas em situações parecidas, resolvi que iria tirar a livre demanda para começar o desmame gradual.
Nossa, que diferença!! Como tudo melhorou!
Conversei com ela e expliquei que ela só iria mamar nos horários certos (3 vezes no dia). Expliquei que quando ela mamava demais me incomodava e que a gente podia brincar e fazer outras coisas.
Claro que em alguns momentos foi difícil! Mas muito menos do que eu imaginava! Ela aceitou super bem!
E a nossa relação está 1.000 vezes melhor! Ela está me abraçando muito mais, fica no meu colo sem pedir peito. Percebi que ela realmente está numa fase muito apegada a mim, mas que não sabia expressar isso de outra forma sem ser mamando...
Enfim, realmente, o que você escreveu está fazendo muito sentido no meu caso!
Estou agora mais tranquila com a amamentação e pretendo continuar conduzindo de maneira gradual, observando os efeitos no comportamento dela.
Abraços, Leila.
Olá... confesso que é a primeira vez que leio e como alguém comentou ali em cima, parece um pouco rude.. pode ser pela fase que estou vivendo. Tenho uma filha de 3 anos e quase 2 meses e estou tentando conduzir o desmame. Há um ano mais ou menos já quase desmamou nessa de "não ofereço, não nego".. chegou a ficar 15 dias sem mamar. Só que tive outro bebê, que está com 9 meses. Quando ele nasceu, ela voltou a mamar como um RN.. estava sendo extremamente exaustivo amamentar os 2. Tirei a LD, fixando 3 mamadas por dia (não mama para dormir desde muito antes disso, nem a noite). Uma das mamadas foi embora há cerca de um mês por conta de uma mudança de horário na escolinha para adequar ao meu retorno ao trabalho. Agora não sei como tirar essas outras duas mamadas. Gostei do texto, me fez sentir menos culpada por tentar conduzir o desmame, espero que me ajude a lidar com isso como algo natural. O desmame faz parte do processo e também atualmente não acredito muito mais em desmame natural. Tem que ser bom para ambos. Só achei, particularmente, o tom do texto um tanto "julgador", mas o texto é muito bom!
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