quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Nascer e morrer

Por Cláudia Rodrigues Diz o provérbio que para morrer basta estar vivo. Alongando um pouco nosso olhar podemos afirmar que não é possível viver sem morrer um pouco a cada dia. É meio chato isso, mas o dia de ontem está morto, o que passou não volta mais e não há culpa nem prazer que resgate o minuto aqui atrás ou cure a ruga aqui da frente. Ele já era, o tempo já foi embora e ainda que a grande pedra de Atibaia esteja lá, aquele dia, daqueles sorrisos, piadas, mancadas e risadas, está morto. O melhor para o agora, por mais responsabilidade que tenhamos sobre a dor e o prazer do dia de ontem, é a intensidade da entrega para sucessos e fracassos, para o desfrute da vida e a plena aceitação da morte. Depois de semanas imaginando a gostosura de estar em férias, a curtição de viajar escutando a trilha musical dos nossos sonhos, preparada por um Tao e uma Gaia essencialmente sensíveis, depois de devorar com os olhos a estrada, provar sabores exóticos, encontrar amigos de valor inestimável, ver reunidos os 4 filhotes do G.H e amar, amar, amar como só se ama em férias, livre do relógio, das regras, da rotina, curtindo dias e dias com aquele bom dia comprido de dia inteiro para viver só de prazer, assim, sem mais nem menos, no meio da viagem de volta a gente percebe que as férias morreram, não voltam mais, daquele jeitinho que foi nunca mais. Podem ser diferentes mesmo com as mesmas pessoas, podem ser mais quentes ou mais frias, em outra paisagem, mas jamais ousaria dizer que pode ser melhor quando tudo foi tão profundamente vivido. Quando vou encontrar Zezé depois de 7 anos do nascimento da Tami? Nunca mais. Sete anos depois daqueles 45 dias juntas com Tami recém-nascida foi só dessa vez, como foi só daquela vez. Lucília e eu nunca somos as mesmas depois que nos encontramos e é sempre tão profundo, mesmo ao som das gargalhadas, principalmente ao som das gargalhadas que não se desprendem dos seus olhos de "pérolas negras". O que não pode ser comparado não pode ser medido. A surpresa linda do encontro com os amigos virtuais. Como isso? O que é isso? Como gente feita de simpatia de luz vira intimidade em carne e osso ao primeiro olhar? Que doideira, que arte preservar os amigos reais dessa paixão pelos amigos virtuais que têm ares de amigos nobres de 20 anos. E no final dá tudo certo, saimos sem entender direito porque merecemos ser tão amados, como essa gente tão amável nos circunda pela estrada da vida e só resta uma falta de explicação que se chama gratidão. Eu amo muito viver, mas hoje eu morreria feliz, sem nada lamentar.

7 comentários:

  1. Querida, compreendo perfeitamente cada palavra sua.
    Beijos amorosos,
    Juliana.

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  2. Roselene escreveu o que eu ia escrever. Resta-me apenas colar o [2]

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  3. Claudia querida,

    que lindo seu texto. Suas palavras, como sempre, me tocam muito. Te encontrei aqui no blog "por acaso" e pelo menos eh uma forma de estar em contato com vc.
    um beijo enorme pra essa familia linda.
    Gabriela Piccolo

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  4. É,se é. Morremos todos os dias. O ontem se foi e resto o hoje, só.
    Ah! Como entendo tudo isso.
    Ah! COmo é bom viver morrendo!
    Ah! Que delicia poder morrer feliz, sem nada a lamentar.
    Mas, que bom que podemos fazer o novo mesmo que morrendo um pouco.
    Beijos queridos para todos.
    Lau

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  5. Lindo texto, Cláudia.. Especialmente tocante pra mim neste momento. Também adorei as fotos!

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  6. amei o texto, a intensidade, a precisão, a sensibilidade.. demais.
    abraçoabraço!

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