
O período da pré-adolescência, entre 9 e 12 anos, aproximadamente, é um dos mais difíceis para a garotada. Não se sentem mais crianças e detestam ser tratadas como tal, mas também ainda não chegaram à adolescência e nem de longe são jovens destemidos em busca de aventura.
Durante esse período inicia a longa trajetória de questionamentos e antagonismos que só termina no início da vida adulta. A sensação de inadequação nessa fase é mais intensa do que em qualquer outra, levando-se em conta o desenvolvimento da pessoa nesse periodo.
A frase dita por essas crianças grandonas pode até ser “eu sou mais eu”, mas o significado interno é apenas uma pergunta: “quem, afinal, sou eu?”
E como a resposta para essa pergunta vai demorar alguns anos para chegar, fica a dúvida e a intensa inadequação que se traduz em atitudes batizadas pelos adultos como aborrecentes.

Aquele almoço na casa da vovó, que antes era um programão, por exemplo, vira uma chatice, uma obrigação e muitas vezes uma imposição dos pais. De repente o pré-adolescente não se sente mais inserido na família, não enxerga um lugar para ele. Só consegue ver que havia um lugar, que ele agora não quer mais e que até pode haver algum espaço a ser ocupado mais tarde. Algo entre um carrinho de brinquedo e um de verdade, um tempo que só o tempo, com afeto, pode ajudar a atenuar.
“Assim como a criança menor necessita de continência, o pré-adolescente precisa cumprir leis e regras, mas a diferença é que para o pré-adolescente o “não” pode se transformar em uma negação à vida”, diz a psicóloga Orieta Dalmonechi, da Universidade Federal do Espírito Santo..
Ela explica a necessidade de que os pais, mesmo temendo a violência típica de nossa época, liberem os filhos para pequenas atitudes como tomar um ônibus para ir à escola, dormir na casa de amigos ou simplesmente ficar em casa no domingão em que a família se reúne na casa da avó. “Os pais devem aprender a lidar com a própria frustração de ver seus pequenos crescidos; só assim vão poder deixar que os filhos aprendam a lidar com as frustrações típicas dessa idade”, explica Orieta.

O problema não está em sair da repressão e da rigidez e entrar na liberação, fabricadora dos eternos adolescentes que ficam morando com os pais até os 30 anos ou mais. As leis e regras precisam ser cumpridas, mas não à base de superproteção. “Quando os pais superprotegem, aí sim o grito do “eu sou mais eu” é um grito idealizado, um mundo de faz- de-conta, sempre salvaguardado pelos pais” diz Dalmonechi.
O pré-adolescente que cumpre regras, que tem deveres e responsabilidades baseadas no afeto desenvolvido desde pequeno vai passar essa fase, não sem sofrimento e sem frustração, mas preparando-se para frustrações maiores e fortalecido pela idéia de que menos é mais, quase sempre.
Para os pais vale a mesma regra do menos que é mais. Se eles deixam o filho em casa, não é preciso deixar também uma comida preparada, a casa toda arrumadinha, é hora de reafirmar certas leis que deverão ser cumpridas enquanto estiverem fora; afinal a casa é dos pais, eles são os donos e cabe aos filhos, desde cedo aprender que na vida nada chega de graça e sem esforço.
Com uma tarefa aqui e outra ali e uma liberdade merecida, nenhum pré-adolescente vai estufar o peito gritando “eu sou mais eu”. Em contrapartida a pergunta interna, a derradeira “quem sou eu? ”, fica também menos intensa, afinal é alguém importante o bastante para usufruir de liberdade com leis.
Matéria publicada originalmente na revista Mãe com pseudônimo de Eugênia Alfaya
Adorei!!!!
ResponderExcluirEsse inicio de ano passei tres meses com meu irmao de 12 anos e realmente me assustei....é uma idade complicada, ainda mais quando as redeas ja estao soltas à muito tempo e as leis nao foram bem estabelecidas na primeira infancia.......vou ter que ler muito e acumular muita paciencia!!!! bjos
Tarefas "chatas" como lavar o próprio par de tênis, levar o lixo para fora, aprender a fazer uma comida, trocar uma lâmpada...enfim dar conta mínima das leis de sobrevivência, faz milagres pela auto-estima dos adolês.
ResponderExcluirMas claro que o ideal e menos conflituoso é cnstruir essa relação de "importância" desde criança. Em qualquer idade nos sentirmos úteis recheia nosso universo interno. Reforço positivo sempre, mas aplausos por pouca coisa só fomenta a sensação interna de fraude, que acaba resultando em atitudes agressivas e auto-boicotes.
É menos complicado do que parece rsrs. bjs.Cláudia
Nossa, é isso mesmo! Não tenho nenhum pré-adolescente por perto, mas me lembro de mim mesma e das minhas atitudes. Hoje olho pra trás e vejo que realmente era uma fase de transição!
ResponderExcluirbeijo-beijo!!
É, o melhor é saber que é transicao, porque não é fácil...
ResponderExcluirIdentifico bem aqui essa busca do lugar dela na casa, principalmente com 2 crianças menores, 2 bebes.
As tarefas relembram que ela cresceu, está crescendo, tem habilidades, responsabilidades e, consequentemente, liberdades.
Que conforto!
Beijos!
"Aos filhos Raizes e Asas"...linda frase que me auxilia na criação dos meus dois filhos!
ResponderExcluirGostei do texto e quero aproveitar para dizer que filhos adolecentes são presentes, nos trazem a juventude, o calor da disposição, do questionamento...Os pais que aproveitam essa fase linda, ganham muito! Eu e meu marido nos sentimos cada dia mais proximos e mais amigos dos nossos filhos!
Adorei que está nos seguindo ! Seu blog é muito especial.Convido-a a conhecer os blogs parceiros, em especial o tecendo-historias e o canto do conto ( todos blogspot.com). Bjs, Mammy
ResponderExcluirHoje fui à escola conversar com as professoras justamente sobre as mudanças que estão sendo percebidas no comportamento do Kalani, é um presente mesmo poder compartilhar e principalmente participar destes acontecimentos tão marcantes na vida de uma pessoa.Principalmente quando estamos tão envolvidas na vida desta pessoa. É ótimo chegar em casa depois de um dia de trabalho e encontrar palavras confortantes, e fortalecedoras. Cada vez que leio encontro mais forças para seguir fazendo.
ResponderExcluirAbrações p vc, com carinho.