domingo, 11 de janeiro de 2015

Mídia: foco no fato e nebulosidade no todo








Cláudia Rodrigues



O modo de operar da mídia dominante é o foco no fato de modo exclusivo, interesseiro, conveniado e financiado pelo sistema econômico de grande escala. Isso em detrimento do foco nas pessoas, nas suas necessidades e diversidades. Detalhes e números sempre são notícia, passando a falsa impressão de que estão informando. Estamos diante de uma população mundial gigantesca de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza. A maior parte de nós tem conhecimento sobre esses e outros fatos, mas como eles estão desconectados das relações humanas, sofremos uma espécie de anestesiamento, fingimos não saber que estamos sendo manipulados ou simplesmente nos resignamos, como inocentes súditos.  http://noticias.r7.com/economia/noticias/mais-de-1-6-bi-de-pessoas-vive-com-ate-r-2-por-dia-20110201.html.





A distribuição de renda dos governos da maioria dos países está mal porque sempre foi ou piorou, direitos de trabalhadores vêm sendo perdidos nos países em que os índices estavam melhores, explorações de todo tipo formam a grande aldeia mundial econômica, que concentra muita renda, por uma questão de lógica econômica. Menos de 1% da população mundial detém 40% de toda riqueza. http://exame.abril.com.br/economia/noticias/menos-de-1-da-populacao-mundial-detem-40-de-toda-a-riqueza.

Para obter tamanha façanha, usam armas, venenos, estupros, drogas legalizadas e  ilegalizadas numa longa trajetória de negócios e guerras internacionais. Tudo isso está na mídia como fato. Debates sobre colocar ou não veneno nos alimentos, saltam aos olhos e achamos normal o debate, debatemos isso nesse momento da história: uso de veneno no cultivo dos alimentos. Nossa mídia é livre para pasteurizar qualquer tema, em nome da pluralidade, não sai da dualidade, em nome da informação, boicota o conhecimento.

Ainda há trabalho escravo,  mas agora temos mil e muitas maneiras de legalizar o trabalho escravo, com exploração de tempo doentia e regras que flexibilizam os direitos, mas não os direitos das empresas sobre as pessoas. Tudo isso é notícia normal, corriqueira. No Brasil o Estado é o que mais dá direitos, embora haja discrepância significativa de distribuição de renda também no Estado. Os empregados das grandes empresas brasileiras, das médias e pequenas, ganham mal e são muito explorados, trabalham muitas horas, passam horas em transporte porque as empresas não se interessam pela logística humana. Empresas no Brasil de médio e grande porte não fornecem boas creches e boas escolas, não se interessam em ajudar as escolas públicas e preferem patrocinar grandes eventos parafernálicos à alimentar a cultura local, sempre com exceções, é claro.

A mídia trata dos fatos, mas as próprias corporações midiáticas não tratam dos seus fatos internos sobre a distribuição de renda e logística para promover o desenvolvimento dos seus trabalhadores, muitas vezes denominados como colaboradores, palavra para encenar qualquer coisa bacana que não se sabe realmente o que significa. São na prática os bonecos da vitrine, os representantes daquele símbolo e suas significações. Alguns ganham bem para isso, funcionam como minhocas no anzol, atrativo ilusório de uma hipotética fartura. Tanto se fala em conflitos religiosos, mas nada se iguala à religião do consumismo. Vivemos a era da ditadura dos playboys, revival dos cowboys. Terão seus quilombolas do mesmo tempo enquanto pastamos aqui como boas ovelhas. Brincadeirinha idiota vive o Planeta inteiro, em conjunção. Não precisa ter motivo para fazer bullying econômico, tudo é motivo: tons de pele, religião, formas de governo, comportamentos, hábitos, cultura, história. Que chatice as más relações, as manipulações e a cereja do bolo queimado: guerras. Matanças, violências, guerrilhas sem sentido porque não há escuta para a desigualdade econômica. Motivo: sem desigualdade econômica, sem concentração de renda para poucos, a economia irá à falência.





A necessidade de fraternidade na economia está caindo de madura. Os bancos éticos, que trabalham com microcrédito e juros aceitáveis, não representam 1% dos bancos do mundo. A trajetória econômica do mundo rege o sistema e só vem retirando direitos sociais, culturais e de paz por meio de investimentos econômicos na eliminação de pessoas e rixas entre governos e ideologias. Ainda assim é considerado normal que se produza mais guerras em nome da paz, eternos investimentos em segurança como aparato repressor em vez de esforços de decodificadores de necessidades e direitos.

Essa história não começou ontem, mas está claro que a tentativa de solução no modo piloto automático, mais violência, mais armas, mais veneno e mais desigualdades, não funciona. Ou melhor, funciona, continuaremos sendo cobaias, a maior parte de nós, mesmo os que estão confortáveis e acreditam ainda que o melhor não é tratar de perto com as diversidades, mas criar defesas, muralhas, guetos. Esses ainda mais cobaias do medo do medo. Muitos de nós creem piamente que o investimento em armas é o um bom sistema de segurança. Armas que podem ser apontadas para nós em qualquer esquina. De um lado ou de outro. Filminho policial brega é o berço da humanidade.





Está custando para as perguntas básicas terem validade. Por quê? Quem? Quando?Como? Onde? Só ficamos no Ukê! O que aconteceu e sempre segundo as fontes dos interesses do game do sim e do não e daquele debate raso entre o bem e o mal, escolhendo já previamente, sempre de acordo com interesses em questão, quem é o bem e quem é o mal.

Novela da vida real do Planeta está absurda. Os mocinhos do nosso filme global aparecem vestidos de Batman, mas adivinhem? Eram todos coringas. Não se sabe por onde andam os supremos saberes, os supremos direitos em meio a tantos superpoderes. A trama é de lascar. Incitam violência,  homofobia,  racismo, machismo, brutalidades de toda sorte. Religião sempre foi um setor muito explorado. As divisões, subdivisões e criações de novas seitas religiosas viraram um negócio para muitas pessoas no mundo. É um negócio lucrativo do ponto de vista econômico e mantém as regras de exploração, só precisando expansão para receber cada vez mais adeptos. Um filé para o jogo entre nações. As pessoas se encontram nas igrejas, escolas, na rua, em todo lugar e se viram. Sim, elas brigam, se matam por ignorâncias afetivas tanto quanto econômicas, há muita violência. Tratar crimes individuais de humanos uns contra os outros não é uma tarefa que se faz da noite para o dia, mas o que temos é um pouco pior. Estados, Nações unidas contra a população mundial, financiando guerras, mutilações em massa, reparações não menos aviltantes e invasivas sob diversos aspectos dos direitos inerentes do corpo humano.

Temos de tudo, até comércio de água.








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