Cláudia Rodrigues
Tenho consciência sobre os sofrimentos femininos, os mandos e desmandos de uma sociedade machista, as injustiças, desigualdades sociais, históricas e econômicas e a violência que ainda paira contra as mulheres das formas mais nefastas no mundo inteiro. Mas não consigo mesmo compartilhar textos e quadrinhos contra os homens no estilo avesso: "vai pegar no tanque, me traz uma cerveja gelada".
Não consigo, por mais empática que eu seja, por mais que já tenha convivido com homens machistas e que os veja aqui e ali pelas ruas, nas casas de conhecidos, o que tenho para dizer é que hoje, 8 de março, levantei às 6h da manhã para dar tchau aos homens da minha vida, meu marido e meu filho que estavam de saída para uma viagem a trabalho.
Eles, como eu, não se ligam em datas, estavam fazendo silêncio para eu não acordar, o café já estava pronto, até o que eu como, a tapioca, o tomate e o queijo já estavam postos na mesa para me receber quando eu acordasse. Acordei antes para dar tchau. Foram amorosos, atenciosos sem a menor noção sobre a data 8 de março, na agenda deles apenas uma data de trabalho.
Eles saíram felizes, amam trabalhar juntos. Marido, antes de sair, fazendo um carinho no meu rosto, recomendou que eu não esquecesse de recolher a roupa que ele pendurou no varal logo cedo. (como ele sempre faz) porque ele não poderia recolher (como sempre faz).
Cá estamos, as três mulheres, sentindo a falta deles, acumulando as tarefas que eles pegam juntos conosco todo santo dia.
Assim que com essa convivência diária, minha luta é a favor das mulheres, mas jamais será contra os homens, até porque aos 19 anos eu já estava enfrentando o primeiro chefe e ele era machista, escolhi ficar desempregada e perder "empregão no melhor lugar da cidade". Cheguei em casa, contei ao meu pai o ocorrido e ele disse: "isso mesmo minha filha, não vai engolir sapo de homem nenhum, vais encontrar um local de trabalho que te respeite, não precisa ser em um lugar famoso, fizeste muito bem, já vais conseguir, sempre tem trabalho para quem quer trabalhar". Tive vários namorados machistas e os dispensei nos primeiros minutos do primeiro tempo. Tive azar de encontrar machistas, mas não foi sorte tê-los dispensado sem demora.
Por isso o meu recado é: mulheres, queridas, não deem chances ao machismo do mercado, isso pode ser feito de várias formas para além das importantes denúncias e pedidos de demissão. No amor, no namoro, fiquem espertas, não fiquem sem graça diante de um comentário machista, observem se ele entendeu, se não entendeu nem quer entender, não serve, o mundo está cheio de homens maravilhosos, o boicote aos machistas é fundamental.
E o mais importante, se auto-observem como mães diariamente, como fazem, o que dizem, o que sentem e se isso tem relação direta com o gênero da criança. Não fomos nós, mulheres, que inventamos o machismo, mas somos nós, mulheres, que ajudamos a mantê-lo com nossos comportamentos de cinderelas desamparadas e repetições, casando com o babaca das piadinhas, engravidando do babaca agressivo, fazendo, fazendo e reclamando do mal feito do outro sem conseguirmos nos impor. É assim que tem sido por séculos, isso precisa terminar! É possível amar, cuidar e ser amada e cuidada de forma igualitária.
Amor é e sempre será a promoção do outro. De um lado e de outro. Amar quem não nos trata bem, quem não pega junto, quem nos agride, é submissão e submissão é o alimento maior do machismo.
Tenho consciência sobre os sofrimentos femininos, os mandos e desmandos de uma sociedade machista, as injustiças, desigualdades sociais, históricas e econômicas e a violência que ainda paira contra as mulheres das formas mais nefastas no mundo inteiro. Mas não consigo mesmo compartilhar textos e quadrinhos contra os homens no estilo avesso: "vai pegar no tanque, me traz uma cerveja gelada".
Não consigo, por mais empática que eu seja, por mais que já tenha convivido com homens machistas e que os veja aqui e ali pelas ruas, nas casas de conhecidos, o que tenho para dizer é que hoje, 8 de março, levantei às 6h da manhã para dar tchau aos homens da minha vida, meu marido e meu filho que estavam de saída para uma viagem a trabalho.
Eles, como eu, não se ligam em datas, estavam fazendo silêncio para eu não acordar, o café já estava pronto, até o que eu como, a tapioca, o tomate e o queijo já estavam postos na mesa para me receber quando eu acordasse. Acordei antes para dar tchau. Foram amorosos, atenciosos sem a menor noção sobre a data 8 de março, na agenda deles apenas uma data de trabalho.
Eles saíram felizes, amam trabalhar juntos. Marido, antes de sair, fazendo um carinho no meu rosto, recomendou que eu não esquecesse de recolher a roupa que ele pendurou no varal logo cedo. (como ele sempre faz) porque ele não poderia recolher (como sempre faz).
Cá estamos, as três mulheres, sentindo a falta deles, acumulando as tarefas que eles pegam juntos conosco todo santo dia.
Assim que com essa convivência diária, minha luta é a favor das mulheres, mas jamais será contra os homens, até porque aos 19 anos eu já estava enfrentando o primeiro chefe e ele era machista, escolhi ficar desempregada e perder "empregão no melhor lugar da cidade". Cheguei em casa, contei ao meu pai o ocorrido e ele disse: "isso mesmo minha filha, não vai engolir sapo de homem nenhum, vais encontrar um local de trabalho que te respeite, não precisa ser em um lugar famoso, fizeste muito bem, já vais conseguir, sempre tem trabalho para quem quer trabalhar". Tive vários namorados machistas e os dispensei nos primeiros minutos do primeiro tempo. Tive azar de encontrar machistas, mas não foi sorte tê-los dispensado sem demora.
Por isso o meu recado é: mulheres, queridas, não deem chances ao machismo do mercado, isso pode ser feito de várias formas para além das importantes denúncias e pedidos de demissão. No amor, no namoro, fiquem espertas, não fiquem sem graça diante de um comentário machista, observem se ele entendeu, se não entendeu nem quer entender, não serve, o mundo está cheio de homens maravilhosos, o boicote aos machistas é fundamental.
E o mais importante, se auto-observem como mães diariamente, como fazem, o que dizem, o que sentem e se isso tem relação direta com o gênero da criança. Não fomos nós, mulheres, que inventamos o machismo, mas somos nós, mulheres, que ajudamos a mantê-lo com nossos comportamentos de cinderelas desamparadas e repetições, casando com o babaca das piadinhas, engravidando do babaca agressivo, fazendo, fazendo e reclamando do mal feito do outro sem conseguirmos nos impor. É assim que tem sido por séculos, isso precisa terminar! É possível amar, cuidar e ser amada e cuidada de forma igualitária.
Amor é e sempre será a promoção do outro. De um lado e de outro. Amar quem não nos trata bem, quem não pega junto, quem nos agride, é submissão e submissão é o alimento maior do machismo.
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