terça-feira, 9 de junho de 2015

Mulheres, partos e luas

Cláudia Rodrigues


Quem nunca ouviu falar que lua cheia é lua de partos, com maternidades lotadas, parteiras e doulas correndo de um parto para outro?
É verdade, acontece essa "coincidência", que não é tanta coincidência assim.

As luas, todas elas, têm efeito sobre o ser humano em geral e costumam ser bem especiais para mulheres com fetos maduros. Feto maduro também passa pela lua cheia e a criança nasce logo depois. Feto maduro espera a lua certa para ele, a lua que o sintoniza melhor com a mãe.

Efeitos da lua cheia ainda, lua cheia no atraso?
Não, nada disso, as mulheres têm lá em seus comportamentos fases mais intensas e ligações mais harmônicas com outras luas que não a cheia.

Em qualquer fase da lua, qualquer mulher pode parir, a natureza é sempre surpreendente, mas podemos falar de tendências, refletir, pensar sobre elas sem julgar, procurando não julgar, sem interpretar, mas também não vale fingir que a lua não existe e não mexe com nossos corpos para lá de enluarados na gestação. Luas mexem com líquidos na Terra, com gravidade, luas se relacionam com plantas, luas iluminam e desiluminam e gestantes são mais sensíveis porque levam mais água em seus corpos.

Mulheres muito organizadas, que gostam de tudo certinho, por exemplo, acabarão parindo na lua nova, lua que sintoniza mais com renovações e reorganizações, com ideias mais claras, é a lua das pessoas que gostam de segurança, não muito chegadas a mudanças de planos na última hora.

Mulheres mais melancólicas, as que guardam um quê de mistério no olhar, podem sintonizar melhor com a lua negra, o período que antecede à nova. Essa pode ser a lua delas, a divisão entre o bem e o mal, a escuridão e a luz, o fio da navalha, é a lua das desafiadoras que correm perigo no escuridão da noite. A lua que não existe, a única transição de lua que tem nome: lua negra.

Há mulheres que conseguem parir todos os filhos na lua minguante. A cheia não as representa, a pressão não faz sentido para eles. É a lua das desapegadas, das que precisam se livrar de peso para poder deixar acontecer o momento perfeito, que é o momento do parto.



A lua crescente é a lua daquelas que preferem angariar forças, a lua das que planejam, esperam, aguardam, aquele tipo de pessoa que não faz questão de fazer a primeira pergunta, espera primeiro ouvir o que todos têm a dizer antes de qualquer colocação.

E a maioria das mulheres eclode ou explode, literalmente, na lua cheia, diante da pressão das águas. É a lua das que deixam encher o pote e permitem que se esvazie na pressão, com um empurraozinho que vem de fora.

Assim, não há lua certa para parir, nem mulher certa ou errada. Podemos parir em diferentes luas de acordo com o que estamos vivendo naquela gestação, naquele momento de nossas vidas.

Uma mulher pode ter sido a vida inteira mais sintonizada, período em que se sente melhor e mais plena, na lua nova, mas justamente na gestação passa a sentir a presença da lua cheia ou da minguante.



Da mesma forma, uma mulher tipicamente de lua cheia, extrovertida, para fora, explosiva, pode na gestação viver contenções, necessidade interna de contenção e virar uma mulher de lua nova. Também pode uma mulher de lua nova se sentir mais perdida e dividida, entrar em pensamentos sombrios e desse mergulho interno nas incertezas e mistérios, parir em lua negra.

Os efeitos da lua sobre nós podem não fazer o menor sentido para quem não vincula sentidos na lua, para quem não passa um mês da vida sequer observando o que se repete e o que muda no corpo e nas sensações durante as passagens da lua. Está ok, isso pode ser esoterismo puro, projeção, pode virar um grande Carnaval daquilo que queremos que seja, mas convido-as a prestarem atenção, pelo menos por uns três meses, da maneira mais honesta possível, em como seus corpos agem nessa e naquela lua.

Sinta, observe, guarde e aguarde a sua lua ou a transição entre uma lua e outra e não as suas semanas de gestação. Tente entender e pesquisar dentro de si mesma a lua da sua fecundação, ela também tem muito a dizer e essa é uma conversa quem nem deveria ser escrita, de tão pessoal e intransferível que é.



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