domingo, 9 de agosto de 2009

Olhos do pai

Eu tentei, juro que tentei. É tão bonito, tão valente a mãe desdobrada em três. Consegue sair cheirosa para o trabalho, batom e tudo mais. Resolve, calcula, liga pra babá, pra a escola, dá ordens, pede por favor e na volta ainda prepara o jantar, conta histórias. Filhos dormindo, desperta a tigresa de unhas feitas, pernas lisinhas, prontas para o que der e vier. Dia seguinte tudo de novo: mulher, mãe e profissional em dó maior. Comigo não deu. Quando nasceu o primeiro fui atingida na asa direita. A segunda, a princesa ruiva , arrancou a esquerda. Até que eu capengava ainda. Aí chegou a terceira gota de vida e estraçalhou meu coração. Tudo porque nasceram como o pai; anjinhos com olhos de coruja.

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