sábado, 26 de junho de 2010
Filhos 9 a 12
O período da pré-adolescência, entre 9 e 12 anos, aproximadamente, é um dos mais difíceis para a garotada. Não se sentem mais crianças e detestam ser tratadas como tal, mas também ainda não chegaram à adolescência e nem de longe são jovens destemidos em busca de aventura.
Durante esse período inicia a longa trajetória de questionamentos e antagonismos que só termina no início da vida adulta. A sensação de inadequação nessa fase é mais intensa do que em qualquer outra, levando-se em conta o desenvolvimento da pessoa nesse periodo.
A frase dita por essas crianças grandonas pode até ser “eu sou mais eu”, mas o significado interno é apenas uma pergunta: “quem, afinal, sou eu?”
E como a resposta para essa pergunta vai demorar alguns anos para chegar, fica a dúvida e a intensa inadequação que se traduz em atitudes batizadas pelos adultos como aborrecentes.
Aquele almoço na casa da vovó, que antes era um programão, por exemplo, vira uma chatice, uma obrigação e muitas vezes uma imposição dos pais. De repente o pré-adolescente não se sente mais inserido na família, não enxerga um lugar para ele. Só consegue ver que havia um lugar, que ele agora não quer mais e que até pode haver algum espaço a ser ocupado mais tarde. Algo entre um carrinho de brinquedo e um de verdade, um tempo que só o tempo, com afeto, pode ajudar a atenuar.
“Assim como a criança menor necessita de continência, o pré-adolescente precisa cumprir leis e regras, mas a diferença é que para o pré-adolescente o “não” pode se transformar em uma negação à vida”, diz a psicóloga Orieta Dalmonechi, da Universidade Federal do Espírito Santo..
Ela explica a necessidade de que os pais, mesmo temendo a violência típica de nossa época, liberem os filhos para pequenas atitudes como tomar um ônibus para ir à escola, dormir na casa de amigos ou simplesmente ficar em casa no domingão em que a família se reúne na casa da avó. “Os pais devem aprender a lidar com a própria frustração de ver seus pequenos crescidos; só assim vão poder deixar que os filhos aprendam a lidar com as frustrações típicas dessa idade”, explica Orieta.
O problema não está em sair da repressão e da rigidez e entrar na liberação, fabricadora dos eternos adolescentes que ficam morando com os pais até os 30 anos ou mais. As leis e regras precisam ser cumpridas, mas não à base de superproteção. “Quando os pais superprotegem, aí sim o grito do “eu sou mais eu” é um grito idealizado, um mundo de faz- de-conta, sempre salvaguardado pelos pais” diz Dalmonechi.
O pré-adolescente que cumpre regras, que tem deveres e responsabilidades baseadas no afeto desenvolvido desde pequeno vai passar essa fase, não sem sofrimento e sem frustração, mas preparando-se para frustrações maiores e fortalecido pela idéia de que menos é mais, quase sempre.
Para os pais vale a mesma regra do menos que é mais. Se eles deixam o filho em casa, não é preciso deixar também uma comida preparada, a casa toda arrumadinha, é hora de reafirmar certas leis que deverão ser cumpridas enquanto estiverem fora; afinal a casa é dos pais, eles são os donos e cabe aos filhos, desde cedo aprender que na vida nada chega de graça e sem esforço.
Com uma tarefa aqui e outra ali e uma liberdade merecida, nenhum pré-adolescente vai estufar o peito gritando “eu sou mais eu”. Em contrapartida a pergunta interna, a derradeira “quem sou eu? ”, fica também menos intensa, afinal é alguém importante o bastante para usufruir de liberdade com leis.
Matéria publicada originalmente na revista Mãe com pseudônimo de Eugênia Alfaya
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Adorei!!!!
ResponderExcluirEsse inicio de ano passei tres meses com meu irmao de 12 anos e realmente me assustei....é uma idade complicada, ainda mais quando as redeas ja estao soltas à muito tempo e as leis nao foram bem estabelecidas na primeira infancia.......vou ter que ler muito e acumular muita paciencia!!!! bjos
Tarefas "chatas" como lavar o próprio par de tênis, levar o lixo para fora, aprender a fazer uma comida, trocar uma lâmpada...enfim dar conta mínima das leis de sobrevivência, faz milagres pela auto-estima dos adolês.
ResponderExcluirMas claro que o ideal e menos conflituoso é cnstruir essa relação de "importância" desde criança. Em qualquer idade nos sentirmos úteis recheia nosso universo interno. Reforço positivo sempre, mas aplausos por pouca coisa só fomenta a sensação interna de fraude, que acaba resultando em atitudes agressivas e auto-boicotes.
É menos complicado do que parece rsrs. bjs.Cláudia
Nossa, é isso mesmo! Não tenho nenhum pré-adolescente por perto, mas me lembro de mim mesma e das minhas atitudes. Hoje olho pra trás e vejo que realmente era uma fase de transição!
ResponderExcluirbeijo-beijo!!
É, o melhor é saber que é transicao, porque não é fácil...
ResponderExcluirIdentifico bem aqui essa busca do lugar dela na casa, principalmente com 2 crianças menores, 2 bebes.
As tarefas relembram que ela cresceu, está crescendo, tem habilidades, responsabilidades e, consequentemente, liberdades.
Que conforto!
Beijos!
"Aos filhos Raizes e Asas"...linda frase que me auxilia na criação dos meus dois filhos!
ResponderExcluirGostei do texto e quero aproveitar para dizer que filhos adolecentes são presentes, nos trazem a juventude, o calor da disposição, do questionamento...Os pais que aproveitam essa fase linda, ganham muito! Eu e meu marido nos sentimos cada dia mais proximos e mais amigos dos nossos filhos!
Adorei que está nos seguindo ! Seu blog é muito especial.Convido-a a conhecer os blogs parceiros, em especial o tecendo-historias e o canto do conto ( todos blogspot.com). Bjs, Mammy
ResponderExcluirHoje fui à escola conversar com as professoras justamente sobre as mudanças que estão sendo percebidas no comportamento do Kalani, é um presente mesmo poder compartilhar e principalmente participar destes acontecimentos tão marcantes na vida de uma pessoa.Principalmente quando estamos tão envolvidas na vida desta pessoa. É ótimo chegar em casa depois de um dia de trabalho e encontrar palavras confortantes, e fortalecedoras. Cada vez que leio encontro mais forças para seguir fazendo.
ResponderExcluirAbrações p vc, com carinho.