sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A lua e eu

Tia Blanca, irmã do meu avô paterno, foi quem me apresentou à lua no período em que viveu em uma casa vizinha a dos meus pais, em Tapes.
A lua em Tapes, na Lagoa dos Patos, é de fato inspiradora.
É claro que já havia visto várias luas antes dos16 anos, mas com tia Blanca foi diferente.
Talvez por ter sido na fase das cólicas mais fortes, talvez por acaso ou só por ela mesma ter sido uma pessoa tão agradável e intensa.
Buenas, a lua passou a me perseguir. Sempre soube em qualquer lugar do mundo que a lua deveria estar cheia a partir de sensações corporais. Ia confirmar e era certo, já cheia passadinha, quase cheia ou bem na noite mais brilhante nas fases direto ao ponto.
Ela foi se afastando de mim. Aqueles sintomas todos foram sumindo. Agora são sintomas novos que não se relacionam com a lua. O que era direto ao ponto agora é aliviar qualquer dor, evitar o mal e o mau a qualquer custo, diluição da dor e do prazer, que finalmente não se reconhecem mais como oponentes.
O inverno já não faz tão mal, o verão continua sendo uma delícia e as perfeitinhas primavera/outono continuam sendo no ponto. Os calorões são como cabelos brancos, têm vida própria, não se relacionam com a lua, são descargas espontâneas, espasmos. Pelo tempo e intensidade, lembram as contrações de parto. Quando passam há um frio prazeroso, um alívio, recomeço de qualquer coisa nos bons momentos e medo nos maus.
Lua vai, lua vem, fica a dúvida se foi mesmo embora ou está a dissolver-se no corpo.

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