sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O bem é simples e poderoso, o mal é belo e grandioso

Cláudia Rodrigues

O ser humano é gregário, necessita de grupos, sentir-se amado, compreendido, aceito e reconhecido.
O ser humano sofre quando sente que não pertence ao seu grupo familiar, social, escolar, de trabalho. E todos nós sofremos disso desde o primeiro choro até o último suspiro.
As religiões, as tribos, as várias faces do misticismo, sempre exploraram essas dores humanas de forma vil, usando o dinheiro, o dízimo, a pirâmide, a mandala, para explorar o sentimento de não pertencimento, prometendo sabedoria, pureza, elevação espiritual.
Autoconhecimento é um processo árduo, contínuo, terreno e sem troféu que acompanha as pessoas a tornarem-se apenas boas o bastante para si mesmas e para os outros.
O mal é maior do que o bem desde que o mundo é mundo, mas uma única gota de bem remove grandes quantidades de mal. O bem é prático, é o gesto, a palavra, a atitude benígna. O bem não é o que gostaríamos de ouvir e crer, é a amplitude real de nossas capacidades humanas, é suor, é equilíbrio real e diário, é satisfação por meio do esforço. O mal, pelo contrário, é fácil e facilmente se traveste de belo. O mal está na imaginação, na projeção, o bem no corpo em conjunção com a mente, na responsabilidade por nossos atos.
Não basta ter o que se imagina e crer no que se gostaria, é preciso ser sem ilusão compreendendo o nosso microtamanho e todas as nossas muitas limitações.
Não vamos confundir idolatria e sua amiguinha mais próxima, a inveja, com gratidão.
Investir em árduo conhecimento sobre determinado assunto não traz sabedoria absoluta, ela sempre é parcial e mínima, mas desfazer do conhecimento sempre multiplica a ignorância e a ignorância traz a guerra em escalas variadas.
Não tem troféu, não tem pote de ouro atrás do arco íris, tudo que o temos é um corpo para amar livremente e uma mente para perceber o amor capaz nesses corpos. Isso é simples, mas dá um trabalhão.
Minha ínfima melhor parte saúda a sua ínfima melhor parte para que a vida flua minimamente boa o bastante.

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