Identificada com minha trupe, a de mulheres que consideram
maternidade um vasto tema a ser explorado sob horizontes amorosos e sensíveis,
inteligentes e baseados também em evidências e estudos e não somente em
repetição cega de padrões familiares e culturais herdados, faço aqui a blogagem
coletiva pela “criação com apego”, uma tradução do termo attachment parenting,
do Dr, Sears.
Sinceramente não gosto de rótulos e massificações, mas não me
furto de, nesse momento da história, tomar uma posição de fortalecer esse
grupo, esse rótulo, esse modo de pensar e agir porque é com ele que mais me
identifico, tanto ideologicamente quanto na prática.
Não idolatro o Dr Sears, criador do termo, da teoria e da
prática de attachment parenting porque não me considero sua seguidora e só tive
acesso a seus textos quando minha filha mais nova já estava bem grandinha. Além disso, não concordo com tudo de qualquer autor, nem mesmo com Wilhelm Reich. O melhor da leitura é o poder que nos concede de reflexão. O Dr. Sears, por exemplo, é um arbusto dentro de mim, um saudável e belo hibisco, enquanto o Reich seria um anjico. Para outra pessoa pode ser o contrário. Tenho dificuldades com massificações, padronizações e as blogagens coletivas têm essa característica política, de unificar blocos de pensamento e ação.
Acredito e pratico desde
As teorias, para um lado e para outro, não raramente viram
montanhas de saberes enclausurados que acabam impedindo as práticas, os
movimentos transcendentes, que necessariamente só ocorrem sob a luz da
liberdade e da pessoalização.
Eu abraço a causa do amor às crianças sempre, do respeito a
elas como cidadãs, como seres pensantes e sentimentais que são e principalmente
singulares, justamente por isso não defendo essa ou aquela teoria, nem mesmo as
das minhas colegas mais próximas.
Não faço conchavo, temo a hipocrisia, sou uma andante solitária, só falo por mim e meu papel na sociedade materna, nas oficinas e palestras, não é arranjar seguidoras, fãs, mas justamente ajudar os interessados a olhar para dentro de seus próprios corpos a fim de retirarem daí a prática e a teoria amorosa possível, de acordo com a história familiar, social, psíquica, educacional, cultural, econômica e política próprias. É o que tento, nem sempre consigo e nunca 100% das vezes.
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