Cláudia Rodrigues
Hoje li um artigo que fez muito sucesso nas redes sociais e logo outros, menos potentes, do mesmo estilo. Em seguida “memes” sobre o assunto. A coisa é em alta velocidade, viral, como se diz em linguagem virtual e a vacina, pelo menos nesse caso, é histórica.
O artigo que li, esse aqui https://medium.com/primavera-brasileira/496f8955736d, faz alusão a um vídeo elaborado por jovens, afirma de maneira reducionista e preconceituosa que o movimento nas ruas é feito por jovens de classe média que estudam em universidades públicas. Seriam os gigantes criados a leite com pera e ovomaltine na geladeira, um gigante despolitizado, cheio de mimos, rebelde sem causa, que acordou, vai quebrar tudo e depois vai dormir.
Bem, como vovó, advirto que conselho e caldo de galinha não fazem mal a ninguém .Talvez a geração do moço que escreveu o texto faça parte da turma que se arrependeu de não ter acordado antes e agora revida com inveja nesses jovens, repetindo um triste fato histórico em todos os movimentos sociais: agressão e desqualificação dos jovens. Os da década de 1960, que nos trouxeram algumas boas conquistas , foram chamados de vagabundos e também de rebeldes sem causa, clichê que sempre serve para esconder boas causas. Foram eles, os jovens, com sua pressão, com seus corpos na rua, que derrubaram palácios e unidos a operários conseguiram direitos para os trabalhadores. Queda da Bastilha sem jovens jamais teria ocorrido. Mas foi contra eles sempre que a sociedade acomodada se revoltou.
Como se viu nas redes sociais e de televisão, nos jornais e revistas, há uma variedade de pessoas nas manifestações, especialmente nas últimas, um caldo da nossa cultura, retrato dos dias atuais. Sem dúvida há jovens ali que não sabem o que estão fazendo a não ser ir a uma grande festa em que todos estão, mas não representam e nem se deve desmerecer, porque isso seria mais uma traição histórica às causas que estão sendo colocadas pelos jovens de hoje. Aliás, as melhores causas, as mais justas e menos polêmicas, aquelas que têm uma ligação direta com outros países, incluindo a Turquia. Passe Livre, direito de ir e vir, ciclovias, desmilitarização da polícia, preservação de áreas verdes, que andam sendo sucateadas por estacionamentos para carros nas grandes cidades, são reivindicações claras, explícitas em muitos outros protestos no Brasil e no mundo. Suas bandeiras: agroecologia, comida sem veneno e sem aditivos, medicina familiar, menos negociatas e interesses econômicos e mais ações com sustentabilidade, voltadas ao bem-estar do ser humano.
Esses jovens são encontrados na classe média, em universidades públicas e privadas e também nas favelas, aqueles jovens que pastam, literalmente, para acessar o ensino e que têm sido sim contemplados pelo governo a duras penas e lutas com partidos de direita. De uma maneira meio torta, é verdade, com pouca responsabilidade social pelas universidades privadas, com o Prouni, um programa do governo federal. A bandeira contra as isenções fiscais e por um maior comprometimento social da estrutura privada em relação aos cidadãos, também está na pauta.
Hoje li um artigo que fez muito sucesso nas redes sociais e logo outros, menos potentes, do mesmo estilo. Em seguida “memes” sobre o assunto. A coisa é em alta velocidade, viral, como se diz em linguagem virtual e a vacina, pelo menos nesse caso, é histórica.
O artigo que li, esse aqui https://medium.com/primavera-brasileira/496f8955736d, faz alusão a um vídeo elaborado por jovens, afirma de maneira reducionista e preconceituosa que o movimento nas ruas é feito por jovens de classe média que estudam em universidades públicas. Seriam os gigantes criados a leite com pera e ovomaltine na geladeira, um gigante despolitizado, cheio de mimos, rebelde sem causa, que acordou, vai quebrar tudo e depois vai dormir.
Bem, como vovó, advirto que conselho e caldo de galinha não fazem mal a ninguém .Talvez a geração do moço que escreveu o texto faça parte da turma que se arrependeu de não ter acordado antes e agora revida com inveja nesses jovens, repetindo um triste fato histórico em todos os movimentos sociais: agressão e desqualificação dos jovens. Os da década de 1960, que nos trouxeram algumas boas conquistas , foram chamados de vagabundos e também de rebeldes sem causa, clichê que sempre serve para esconder boas causas. Foram eles, os jovens, com sua pressão, com seus corpos na rua, que derrubaram palácios e unidos a operários conseguiram direitos para os trabalhadores. Queda da Bastilha sem jovens jamais teria ocorrido. Mas foi contra eles sempre que a sociedade acomodada se revoltou.
Como se viu nas redes sociais e de televisão, nos jornais e revistas, há uma variedade de pessoas nas manifestações, especialmente nas últimas, um caldo da nossa cultura, retrato dos dias atuais. Sem dúvida há jovens ali que não sabem o que estão fazendo a não ser ir a uma grande festa em que todos estão, mas não representam e nem se deve desmerecer, porque isso seria mais uma traição histórica às causas que estão sendo colocadas pelos jovens de hoje. Aliás, as melhores causas, as mais justas e menos polêmicas, aquelas que têm uma ligação direta com outros países, incluindo a Turquia. Passe Livre, direito de ir e vir, ciclovias, desmilitarização da polícia, preservação de áreas verdes, que andam sendo sucateadas por estacionamentos para carros nas grandes cidades, são reivindicações claras, explícitas em muitos outros protestos no Brasil e no mundo. Suas bandeiras: agroecologia, comida sem veneno e sem aditivos, medicina familiar, menos negociatas e interesses econômicos e mais ações com sustentabilidade, voltadas ao bem-estar do ser humano.
Esses jovens são encontrados na classe média, em universidades públicas e privadas e também nas favelas, aqueles jovens que pastam, literalmente, para acessar o ensino e que têm sido sim contemplados pelo governo a duras penas e lutas com partidos de direita. De uma maneira meio torta, é verdade, com pouca responsabilidade social pelas universidades privadas, com o Prouni, um programa do governo federal. A bandeira contra as isenções fiscais e por um maior comprometimento social da estrutura privada em relação aos cidadãos, também está na pauta.
Levanta a mão o jovem que não está se importando com essas
causas. Sábado à noite, no Parque da Redenção em Porto Alegre, uma multidão de
jovens foi ocupar o local pacificamente, cantando, tocando violão para mostrar
que usa a área, afinal o prefeito da cidade, José Fortunati (PDT), andou
afirmando que o motivo da derrubada de centenas de árvores na área do
Gasômetro, em Porto Alegre, não era importante, elas não eram “usadas” pela
população. O motivo dos cortes, construção de pistas para facilitar o trânsito
de automóveis para a Copa. Obras da Copa, que ficarão para a cidade como
investimento blá blá blá whiskas sachê. Agora há um plano para que parte do
Parque da Redenção também se transforme em área de estacionamento, assim como
foi feito no centro, no Mercado Público. Os jovens se importam e muito com a
gentrificação, com a perda de espaços públicos, eles vêm protestando e sendo
corridos pela polícia. E sim, revidam às bombas de gás lacrimogêneo, altamente
tóxico, e às balas de borracha, com paus e pedras, ficam furiosos e lutam
desprotegidos sem capacetes, sem escudos, sem roupa especial contra a Tropa de
Choque, contra a Polícia Montada, que é tratada pela mídia como vítima dos
jovens.
Alguns desses jovens estão acabam vendo saída em quebrar prédios privados e públicos como a solução parta massacrar o sistema. É uma ação política e radical violenta contra ações políticas violentas institucionalizadas de longa data. Grupos de extrema-direita se aproveitam, entram na onda, mas de maneira geral a maioria é de jovens pacíficos, não do tipo 1968. Muitos deles não cursam história ou sociologia nem usam cabelões, embora existam os identificados com essa moda. São estudantes de exatas, aparentemente cidadãos pacatos, mas que não veem lógica na política dominante e argumentam com a lógica peculiar que têm. Acabou o tempo em que somente os estudantes das áreas de humanas filosofavam sobre as questões políticas. Estereótipos são coisas do passado.
Pois bem, os jovens sem causa de várias áreas estiveram lá no Gasômetro para evitar o corte maciço de árvores, dormiram, amanheceram, acamparam por meses e foram retirados pela polícia aos tapas e insultos no meio da madrugada do dia 29 de maio de 2013 http://www.sul21.com.br/jornal/2013/05/operacao-prende-manifestantes-e-comeca-a-derrubar-arvores-no-gasometro/.
Muito sem causas (sic), esses jovens de classe média, estudantes de universidades públicas e privadas, apoiados por velhas como eu, que estive lá, por ciclistas de todas as idades, por gente que veio sim da periferia para ajudar a impedir o corte de árvores, em fevereiro de 2013, conseguiram entrar com liminar na justiça para impedir a derrubada. Arquitetos apresentaram projetos alternativos, com menores custos, taxistas apoiaram a ideia de levar os turistas da Copa em táxis, impedindo, durante o evento da Copa, o tráfego de automóveis particulares. Muitas soluções e duas ações: violência e autoritarismo, com o aval da justiça. As árvores foram derrubadas e as obras começaram.
Então, vamos conversar um pouco mais seriamente sobre quem são esses jovens e o que desejam, porque pelo menos eu não vi qualquer jovem lá, e eram centenas, chegando em carrões, bombadões de muito leite com pera, para impedir o corte de árvores. O que eu vi foram centenas de ciclistas, pedestres e gente chegando de ônibus. Eu vi jovens, muitos jovens se importando, lutando por causas nobres da cidade e do Planeta. Eles são o motor e sem eles nós, velhos, não vamos, não nos mobilizamos. Nós precisamos dos jovens, eles não têm experiência, eles não viveram a história de modo prático como nós vivemos, não têm a capacidade associativa peculiar do avanço da idade, mas colocar os jovens como ignorantes é uma burrice, é uma insensatez porque é deles que sempre veio e que sempre virá a força vital para que a sociedade saia da zona de conforto.
Todos sabemos que existem jovens alienados que estiveram nas manifestações, mas não devemos nutrir qualquer preconceito contra eles porque é na juventude que se aprende a praticar a cidadania. Pelo menos eu tenho visto é gente jovem reunida buscando informações, querendo saber mais, trocando ideias. Isso é tão classe média, não é não? O que é mais classe média do que chamar os jovens de rebeldes sem causa? Não podem criticar, suas críticas são sem valor, sem conhecimento de causa? Suas criticas - atenção, cuidado -, podem trazer uma instabilidade nacional sem precedentes?
Alguns desses jovens estão acabam vendo saída em quebrar prédios privados e públicos como a solução parta massacrar o sistema. É uma ação política e radical violenta contra ações políticas violentas institucionalizadas de longa data. Grupos de extrema-direita se aproveitam, entram na onda, mas de maneira geral a maioria é de jovens pacíficos, não do tipo 1968. Muitos deles não cursam história ou sociologia nem usam cabelões, embora existam os identificados com essa moda. São estudantes de exatas, aparentemente cidadãos pacatos, mas que não veem lógica na política dominante e argumentam com a lógica peculiar que têm. Acabou o tempo em que somente os estudantes das áreas de humanas filosofavam sobre as questões políticas. Estereótipos são coisas do passado.
Pois bem, os jovens sem causa de várias áreas estiveram lá no Gasômetro para evitar o corte maciço de árvores, dormiram, amanheceram, acamparam por meses e foram retirados pela polícia aos tapas e insultos no meio da madrugada do dia 29 de maio de 2013 http://www.sul21.com.br/jornal/2013/05/operacao-prende-manifestantes-e-comeca-a-derrubar-arvores-no-gasometro/.
Muito sem causas (sic), esses jovens de classe média, estudantes de universidades públicas e privadas, apoiados por velhas como eu, que estive lá, por ciclistas de todas as idades, por gente que veio sim da periferia para ajudar a impedir o corte de árvores, em fevereiro de 2013, conseguiram entrar com liminar na justiça para impedir a derrubada. Arquitetos apresentaram projetos alternativos, com menores custos, taxistas apoiaram a ideia de levar os turistas da Copa em táxis, impedindo, durante o evento da Copa, o tráfego de automóveis particulares. Muitas soluções e duas ações: violência e autoritarismo, com o aval da justiça. As árvores foram derrubadas e as obras começaram.
Então, vamos conversar um pouco mais seriamente sobre quem são esses jovens e o que desejam, porque pelo menos eu não vi qualquer jovem lá, e eram centenas, chegando em carrões, bombadões de muito leite com pera, para impedir o corte de árvores. O que eu vi foram centenas de ciclistas, pedestres e gente chegando de ônibus. Eu vi jovens, muitos jovens se importando, lutando por causas nobres da cidade e do Planeta. Eles são o motor e sem eles nós, velhos, não vamos, não nos mobilizamos. Nós precisamos dos jovens, eles não têm experiência, eles não viveram a história de modo prático como nós vivemos, não têm a capacidade associativa peculiar do avanço da idade, mas colocar os jovens como ignorantes é uma burrice, é uma insensatez porque é deles que sempre veio e que sempre virá a força vital para que a sociedade saia da zona de conforto.
Todos sabemos que existem jovens alienados que estiveram nas manifestações, mas não devemos nutrir qualquer preconceito contra eles porque é na juventude que se aprende a praticar a cidadania. Pelo menos eu tenho visto é gente jovem reunida buscando informações, querendo saber mais, trocando ideias. Isso é tão classe média, não é não? O que é mais classe média do que chamar os jovens de rebeldes sem causa? Não podem criticar, suas críticas são sem valor, sem conhecimento de causa? Suas criticas - atenção, cuidado -, podem trazer uma instabilidade nacional sem precedentes?
Ou suas críticas, desvirtuadas, desvalorizadas, desqualificadas,
podem virar motivo para mais violência e mais hostilidade, mais abuso para a
toda a sociedade? Não é isso que estão dizendo por aí? Que toda e qualquer
crítica às obras da Copa é um pedido de impeachment da presidente Dilma. Não
sou favorável ao impeachment, não sou de direita, não sou de centro, sou de
esquerda na teoria e na prática, eu levanto bandeiras de esquerda, várias
delas, pelas minorias, nunca em causa própria, não necessariamente partidárias
ad eternum http://www.youtube.com/watch?v=_Wer1VGBZi8
Não sejamos fúteis, reducionistas e não vamos cair nas armadilhas de partidos e políticos oportunistas que visam o poder, aproveitando cada crítica para chamar o PT de o governo irresponsável da vez. O PT é apenas o partido da presidente, afinal todos sabem que o vice é do PMDB, o Brasil democrático é um país de todos os partidos e todos eles devem responder por isso, todos eles têm a faca e o queijo na mão para representarem de fato a sociedade. Todos eles devem se engajar na Reforma Política ou ao menos descobrir como fazer para atender essa política de rua horizontal de fato. Está dado o recado, atacar os jovens é uma das nuances do fascismo, entre tantas que vigoram por aí.
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