Cláudia Rodrigues
Luis Felipe Pondé, filósofo, escritor, ensaísta, doutor pela Usp, pós doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC SP e da FAAP e autor de vários títulos, entre eles “Contra um mundo melhor”, usou dois neurônios para escrever essa bobagem na Folha de São Paulo na última segunda-feira.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2014/04/1443306-por-uma-direita-festiva.shtml
Para Pondé, os estudantes de posição política liberal têm dificuldade de “pegar” mulheres porque não discutem documentários, não vivem em apartamentos decorados com fotos do Che Guevara, não são contra a opressão de povos, a supremacia do capital e vivem em nichos masculinos, já que os cursos que concentram estudantes liberais, como engenharia, administração de empresas e das ciência exatas, são frequentados por minoria de mulheres.
Encerra o artigo afirmando que mulheres não se interessam por discutir economia, como mais um motivo impeditivo para serem “pegas” pelos liberais.
É muito preconceito para quem estudou tanto. É preocupante que a ignorância sobre a diversidade do comportamento humano venha de um sujeito que tem pós doutorado em epistemologia.
Ainda assim, parabéns ao Pondé, talvez os chocolates da Páscoa tenham feito algum serviço no cérebro dele porque escreveu o que sente, deixou vazar suas mágoas pessoais, abriu seu coraçãozinho restrito, o que é raro nas pessoas menos empáticas. Isso já é um avanço para esses casos de distúrbios afetivos, que nada têm a ver com cursos, mas com vivências infantis primárias.
Pode ser que vivências infantis primárias elenquem tendências para escolhas de cursos, mas o ser humano sempre pode se superar e ultrapassar barreiras comportamentais por meio de vínculos afetivos, embora eu mesma seja casada com um jornalista premiado em economia e seja mãe de jovens que cursam engenharia e geologia. Eles conseguem juntar o lado direito do cérebro com o esquerdo, percebem que o funcionamento econômico mundial tem uma lógica que serve a muitas coisas, lógica prática fechada em si mesma, mas indubitavelmente injusta com a massa da população mundial.
Afirmam os liberais que o problema está na corrupção, presente também em governos de esquerda. Ok, temos aí então um problema essencialmente de natureza humana, assim que deveríamos criar métodos mais eficazes para desnutrir a capacidade humana de exploração dos mais “fortes” pelos mais “fracos”, coisa que o liberalismo obviamente navega contra com todas as forças.
Posto isso, voltemos ao problema dos homens que não têm facilidade para “pegar” mulheres porque são liberais. O termo “pegar”, usado pelo autor, esconde uma dor maior. Pegar qualquer um pega, mulher pega, homem pega, a pegança está no ar, especialmente na juventude, na época da reconstrução de vínculos infantis rumo a vínculos adultos mais ou menos duradouros, quando deixamos de ser filhinhos do papai e da mamãe e nos tornamos, senão pais e mães, adultos capazes de amar. A dor nítida do rapaz em idade avançada, que ele chutou para os jovens, é sobre relacionamentos, estreitamentos afetivos e aí sim a coisa pega.
Mulheres podem pegar qualquer um, na juventude é comum isso de pegar para experimentar, os prédios das ciências exatas nas universidades costumam ser frequentados por mulheres dos mais variados cursos nos intervalos, isso é um clássico nas faculdades.
Mas para uma mulher se entregar, para o apaixonamento e formação de vínculo, é preciso encontrar um parceiro ou parceira capaz de amar e aí talvez Pondé tenha razão. Imagine um prédio cheio de homens, mas em maioria homens pondezinhos, que não sentem empatia pelas dores mundiais, as criancinhas na guerra, que não param para refletir, com um baseado ou não, sobre o avassalador método capitalista competitivo que elimina os mais fracos, menos aptos, seja por cor de pele, falta de herança, de grife familiar. Milhares de seres empáticos com um sujeito que escreve um livro cujo título é “Contra um mundo melhor”, continuarão com problemas para pegar e principalmente para ficar com mulheres. Naturalmente que podem encontrar raros exemplares femininos, como a madrasta do menino Bernardo Uglione ou sua assecla, a Edilvânia. Para isso devem batalhar muito por um mundo cada vez mais liberal, onde só o dinheiro salva.
Para as demais, mulheres gentis, sensíveis, amorosas, é um pesadelo encontrar homens assim. Ainda bem que sobram poucas mulheres para esse tipo de homem, estejam eles cursando engenharia ou sociologia, porque sim, não precisamos fazer pós doutorado em epistemologia para saber que a diversidade é a maior verdade do mundo contemporâneo e que tendências não deveriam ser usadas para determinismos.
O colunista da Folha de São Paulo, nesse lamentável artigo que infelizmente li na manhã de hoje, casualmente porque não é meu hábito ler o que ele escreve, conseguiu destilar preconceitos contra os estudantes dos cursos de exatas, contra as mulheres, contra todos aqueles que lutam incansavelmente por um mundo melhor, cínico em relação as questões entre maconha ilegal e tráfico econômico.E felizmente contra ele mesmo.
Deixo aqui minha definição pessoal de amor para reflexão. É uma equação complexa para quem quer se sentir amado, mas ainda não aprendeu a amar.
É esquerdista, porque amor é de esquerda, sempre foi e sempre será.
O sentimento do amor nasce do centro para as margens, as ações amorosas nascem das margens para o centro, do cuidado pelo outro.
O amor não grita, não mostra nem demonstra, não oprime, não obriga, não controla, não marca território, não testa e não desafia.
Amor é processo, feijão com arroz, canto de passarinho, bom dia sincero todo dia.
Amor é maior que rusgas, amor derrota o tédio do cotidiano.
O amor ri solene da paixão que foi um dia, bastando-se a si próprio.
Amor é promoção do outro, é alegria pelo bem-estar do ser amado, é autoestima via doação, recepção é consequência, troca espontânea de gentilezas.
Sentir-se amado é correria sem direção, sem foco, sem ritmos, não exige capacidade alguma. O maior legado da vida é aprender a amar.
Exige capacidades, delicadezas e variações de equilíbrio e ritmo.
Luis Felipe Pondé, filósofo, escritor, ensaísta, doutor pela Usp, pós doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC SP e da FAAP e autor de vários títulos, entre eles “Contra um mundo melhor”, usou dois neurônios para escrever essa bobagem na Folha de São Paulo na última segunda-feira.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2014/04/1443306-por-uma-direita-festiva.shtml
Para Pondé, os estudantes de posição política liberal têm dificuldade de “pegar” mulheres porque não discutem documentários, não vivem em apartamentos decorados com fotos do Che Guevara, não são contra a opressão de povos, a supremacia do capital e vivem em nichos masculinos, já que os cursos que concentram estudantes liberais, como engenharia, administração de empresas e das ciência exatas, são frequentados por minoria de mulheres.
Encerra o artigo afirmando que mulheres não se interessam por discutir economia, como mais um motivo impeditivo para serem “pegas” pelos liberais.
É muito preconceito para quem estudou tanto. É preocupante que a ignorância sobre a diversidade do comportamento humano venha de um sujeito que tem pós doutorado em epistemologia.
Ainda assim, parabéns ao Pondé, talvez os chocolates da Páscoa tenham feito algum serviço no cérebro dele porque escreveu o que sente, deixou vazar suas mágoas pessoais, abriu seu coraçãozinho restrito, o que é raro nas pessoas menos empáticas. Isso já é um avanço para esses casos de distúrbios afetivos, que nada têm a ver com cursos, mas com vivências infantis primárias.
Pode ser que vivências infantis primárias elenquem tendências para escolhas de cursos, mas o ser humano sempre pode se superar e ultrapassar barreiras comportamentais por meio de vínculos afetivos, embora eu mesma seja casada com um jornalista premiado em economia e seja mãe de jovens que cursam engenharia e geologia. Eles conseguem juntar o lado direito do cérebro com o esquerdo, percebem que o funcionamento econômico mundial tem uma lógica que serve a muitas coisas, lógica prática fechada em si mesma, mas indubitavelmente injusta com a massa da população mundial.
Afirmam os liberais que o problema está na corrupção, presente também em governos de esquerda. Ok, temos aí então um problema essencialmente de natureza humana, assim que deveríamos criar métodos mais eficazes para desnutrir a capacidade humana de exploração dos mais “fortes” pelos mais “fracos”, coisa que o liberalismo obviamente navega contra com todas as forças.
Posto isso, voltemos ao problema dos homens que não têm facilidade para “pegar” mulheres porque são liberais. O termo “pegar”, usado pelo autor, esconde uma dor maior. Pegar qualquer um pega, mulher pega, homem pega, a pegança está no ar, especialmente na juventude, na época da reconstrução de vínculos infantis rumo a vínculos adultos mais ou menos duradouros, quando deixamos de ser filhinhos do papai e da mamãe e nos tornamos, senão pais e mães, adultos capazes de amar. A dor nítida do rapaz em idade avançada, que ele chutou para os jovens, é sobre relacionamentos, estreitamentos afetivos e aí sim a coisa pega.
Mulheres podem pegar qualquer um, na juventude é comum isso de pegar para experimentar, os prédios das ciências exatas nas universidades costumam ser frequentados por mulheres dos mais variados cursos nos intervalos, isso é um clássico nas faculdades.
Mas para uma mulher se entregar, para o apaixonamento e formação de vínculo, é preciso encontrar um parceiro ou parceira capaz de amar e aí talvez Pondé tenha razão. Imagine um prédio cheio de homens, mas em maioria homens pondezinhos, que não sentem empatia pelas dores mundiais, as criancinhas na guerra, que não param para refletir, com um baseado ou não, sobre o avassalador método capitalista competitivo que elimina os mais fracos, menos aptos, seja por cor de pele, falta de herança, de grife familiar. Milhares de seres empáticos com um sujeito que escreve um livro cujo título é “Contra um mundo melhor”, continuarão com problemas para pegar e principalmente para ficar com mulheres. Naturalmente que podem encontrar raros exemplares femininos, como a madrasta do menino Bernardo Uglione ou sua assecla, a Edilvânia. Para isso devem batalhar muito por um mundo cada vez mais liberal, onde só o dinheiro salva.
Para as demais, mulheres gentis, sensíveis, amorosas, é um pesadelo encontrar homens assim. Ainda bem que sobram poucas mulheres para esse tipo de homem, estejam eles cursando engenharia ou sociologia, porque sim, não precisamos fazer pós doutorado em epistemologia para saber que a diversidade é a maior verdade do mundo contemporâneo e que tendências não deveriam ser usadas para determinismos.
O colunista da Folha de São Paulo, nesse lamentável artigo que infelizmente li na manhã de hoje, casualmente porque não é meu hábito ler o que ele escreve, conseguiu destilar preconceitos contra os estudantes dos cursos de exatas, contra as mulheres, contra todos aqueles que lutam incansavelmente por um mundo melhor, cínico em relação as questões entre maconha ilegal e tráfico econômico.E felizmente contra ele mesmo.
Deixo aqui minha definição pessoal de amor para reflexão. É uma equação complexa para quem quer se sentir amado, mas ainda não aprendeu a amar.
É esquerdista, porque amor é de esquerda, sempre foi e sempre será.
O sentimento do amor nasce do centro para as margens, as ações amorosas nascem das margens para o centro, do cuidado pelo outro.
O amor não grita, não mostra nem demonstra, não oprime, não obriga, não controla, não marca território, não testa e não desafia.
Amor é processo, feijão com arroz, canto de passarinho, bom dia sincero todo dia.
Amor é maior que rusgas, amor derrota o tédio do cotidiano.
O amor ri solene da paixão que foi um dia, bastando-se a si próprio.
Amor é promoção do outro, é alegria pelo bem-estar do ser amado, é autoestima via doação, recepção é consequência, troca espontânea de gentilezas.
Sentir-se amado é correria sem direção, sem foco, sem ritmos, não exige capacidade alguma. O maior legado da vida é aprender a amar.
Exige capacidades, delicadezas e variações de equilíbrio e ritmo.
sensacional!
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