sábado, 2 de agosto de 2014

Mamimosas em Ação

Cláudia Rodrigues

 O mamaço realizado no Parcão nesse sábado contou com cerca de 20 mães, alguns pais, bebês, crianças em fase lúdica e o sol que ficou firme o tempo todo sob uma temperatura primaveril em pleno inverno.
O evento que iniciou em São Paulo, em maio de 2011, como protesto a uma nutriz que foi impedida de amamentar livremente no Espaço Cultural Itaú, tornou-se popular e hoje já não tem o objetivo de protestar, mas de reacostumar a sociedade brasileira à presença do hábito ancestral e biológico que foi substituído pela mamadeira e leites artificiais.
O Brasil detém um dos maiores índices de desmame precoce do mundo desde a introdução maciça de leites artificiais na década de 1960, o que acabou interferindo no comportamento das mães, avós e pediatras, que muitas vezes receitam papinhas antes dos seis meses de vida dos bebês.
O leite humano, segundo a Organização Mundial de Saúde, deve ser o alimento exclusivo dos bebês até os seis meses e a alimentação deve entrar a partir dessa fase de maneira gradual mantendo-se a criança ao peito sem introdução de outros leites ou de mamadeira até cerca de dois anos.
Entre as conversas das mulheres no evento de hoje estavam os transtornos comuns da amamentação ao peito, como problemas de pega nos primeiros meses, dúvidas sobre o peso do bebê e aspectos emocionais dessa relação que não se encerra no alimento, mas no intenso vínculo estabelecido quando se decide ter um bebê de peito.
O bom ou mau olhar social que recai sobre a nutriz também pode interferir na amamentação. A sociedade machista com seus aspectos religiosos costuma boicotar os atos fisiológicos da sexualidade humana e a amamentação é um deles. Daí os estranhos comportamentos de instituições como restaurantes e espaços culturais que acabam por definir que as mulheres devem se esconder para amamentar em cantinhos, com panos que escondam os seios, como se estivessem fazendo sexo em público.
No Parcão foi tudo muito natural hoje, poucos olhares estranhos para essas jovens senhoras que carregam seus bebês em wraps e slings e têm na maternidade um foco de prazer e não de sacrifício.
E o melhor de tudo, livres, sem necessidade de carregarem fogareiros para aquecer mamadeiras no passeio no parque. Todos os bebês tiveram leite quentinho in natura enquanto suas mães riam e conversavam alegremente.






























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