domingo, 20 de novembro de 2016

Efebofobia, a aversão a jovens


Cláudia Rodrigues
Efebofobia, medo ou aversão a adolescentes e jovens, não é tão incomum, afeta o comportamento, as relações sociais e íntimas entre jovens e pessoas das mais variadas faixas etárias, além da família e professores.
Jovens são originalidade em estado bruto, merecem respeito.

Jovens que desejam melhorar as escolas que têm, muitas em péssimas condições de manutenção, depois de sucessivos anos de descaso político, são maltratados pela polícia a serviço do Estado. Como assim? Golpe. Baixo.

Para ajudar, atraso de salários, depósito de toda a responsabilidade financeira  dos estados e do país para a educação. Os professores e alunos das escolas públicas são escolhidos para sofrer a própria exclusão escolar ou ficarem no salve-se quem puder.

E sim, nossas escolas contam com profissionais de alta qualidade, média e casos graves que precisam tratamento, quando é necessário conviver e educar jovens ao mesmo tempo em que há aversão aos comportamentos naturais dos jovens.

Para a efebofobia não há vacinas, é preciso encarar, sentir e aprender a lidar com os próprios limites diante da força tão viva dos jovens. José Angêlo Gaiarsa foi ótimo em explicar isso, ele chamava os adultos de invejosos em relação às crianças e aos jovens.

E é verdade. Não que não seja necessário fôlego para dar conta do autocentramento dos jovens, voltados para eles, focados em suas vidas, cheios de si. No início pode ser difícil para eles darem conta das novas demandas da autonomia. São esquecidos, especialmente se tiveram responsáveis muito controladores, podem parecer avoados aos olhos dos adultos ou “ofensivos”, quando se irritam com aquilo que consideram implicância. Eles têm vigor, vigor juvenil, recém-nascido, estão em explosões hormonais e corticais, merecem mais que respeito, cuidado, atenção, serem ouvidos e atendidos em suas necessidades, que passam longe de viagens e presentes. Eles querem escola, direito a estudar, passar no Enem, entrarem na universidade. 

A sociedade adulta espera dos adolescentes muito mais do que eles podem dar em troca e dá muito menos do que eles necessitam para desenvolverem suas capacidades. E a primeira coisa bem ruim que se faz contra a boa relação com adolescentes ou jovens é confundir promoção de convivência com obrigatoriedade. O jovem gosta e precisa estar só tanto quanto gosta e precisa de amigos, mesmo que seja só um.

Adultos têm em geral pouca paciência com jovens, especialmente se já vieram de uma relação de pouca paciência com os filhos pequenos. Nas relações profissionais entre alunos e professores pode ser diferente, mas igualmente refletirá a história de ambos em suas famílias. Os adultos tendem a tratar adolescentes e filhos jovens com autoritarismo ou descaso. Se sentem enfrentados, confrontados, não dão conta de seus próprios insucessos diante da vida brotando, plena de autoconfiança e bons propósitos. Começam a agir meio que na vingança e no despeito com chantagens, subornos e intensidades variáveis de violência.

Não há como não herdar a educação familiar e é um processo escolher e conseguir fazer repetições ou reparações conscientes, mas a maior parte de nós repete feito catraca por gerações a fim, inconscientemente.
O filme atual na macro, no atacado, é o mesmo da micro, o varejo é esse, repetição em grau master numa sociedade que consegue em muitos casos ir aos bastidores do conservadorismo para encontrar razões em crenças absolutamente retrógradas.

E os ódios, as paixões de horror, essa coisa Barraco da Globo Produções tomou uma proporção paquidérmica que paira sobre nós. Depois de anos assistindo novelas e JN, Caras e Vejas, as pessoas saíram para a rua e começaram a esbravejar contra jovens e direitos humanos fundamentais.

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