terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nas minhas nem pensar!

Por Cláudia Rodrigues
Os brincos nas bebezinhas
É difícil encontrar o meio termo entre nossos direitos e os de nossos filhos. Em relação ao parto e a amamentação, pelo menos no Brasil, essa questão é colocada por nove entre dez mães. “Tenho direito de não querer passar pela terrível dor do parto” dizem as que consideram o parto natural uma coisa dinossáurica, do passado. “A mulher tem direito a não querer amamentar, é seu corpo que está em jogo”, dizem as que se ressentem com a eventual flacidez dos seios após o desmame. Os direitos do bebê, que não fala e não pode dar opinião, são relegados a um segundo plano. No caso dos brincos, por questão cultural, passamos por cima dos riscos de infecção e do desconforto que um “brinquinho inocente” pode causar a uma recém-nascida. Os argumentos são muitos: “fica bonitinho”, “toda menina precisa ter”, “sem brinco não tem como saber se é menina ou menino”. Enfim, não faltam argumentos culturais, vazios, que levam em conta a vaidade da genitora, das avós e madrinhas, que em nenhum momento pensam no bem-estar da criança. Em muitos países é proibida ou não recomendada a colocação de brincos em recém-nascidas, considerada uma violação do corpo e um risco à saúde e ao direito de conforto, que supostamente o bebê tem. Se uma mulher adulta retira os brincos para dormir, é estranho que as bebezinhas tenham que dormir com eles. Mais curiosa é a falta de higiene ou a tortura a que deverá ser submetido o bebê para receber a higiene adequada. Colocar brincos em recém-nascidos segue a máxima de que eles não sentem dor ou de que a dor é pouca. “Ah, mas todas as meninas têm, minha filha vai ficar com inveja das amiguinhas”, argumentam as defensoras do uso precoce de brincos. Por isso perfuram as orelhas das pequenas, antes mesmo das meninas criarem uma identidade e decidirem usá-los, o que de fato pode ocorrer a partir dos 3 anos e aí sim tem sentido. A mãe pode avisar que dói, porque dói mesmo, mas é uma dor opcional, ela pode opinar, decidir ou adiar e lidar melhor, tanto com a dor da perfuração quanto com a necessidade de higienização e prevenção de inflamações e infecções. Outro problema da perfuração precoce para uso de brincos é que as menininhas ao aprenderem a retirar e colocar roupas, o que também é um direito importante na aquisição da autonomia, podem rasgar o furo, o que só é solucionado com plástica. De qualquer forma as mães que perfuram as orelhas de suas bebezinhas sem a permissão delas, não vivem o prazer de curtir esse passeio a pedido, que pode ser um belo ritual de autonomia.

4 comentários:

  1. Seu Blog esta demais!!!!!
    Tô adorando,......
    Beijos,
    Lau

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  2. Sempre me surpreendo quando escuto essa "eles não sentem dor". Como olhar para um bebezinho de alguma dezena de centímetros e poucos quilos, que tem tantas necessidades de colo, aconchego, sucção, sono e achar que ele não sente? É incrível!

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  3. Que bom, só assim conhecia seu blog! Tou adorando. Minha mãe também era partidária dessa ideia. Eu só tive orelha furada aos dez, quando fui a uma farmácia que usava "pistola", por vontade própria. Já na minha irmã menor, ela sucumbiu (???) e mandou furar no hospital. Aos sete meses ela agarrou o brinco, puxou e rasgou a orelha. Ou seja, é perigoso nenê usar brinco. Beijo grande!

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  4. E pensa bem: na maternidade os babies já são tão perfurados com tantos exames... Por que mais dois, um em cada orelha? Não furei as da Veri ainda não... Se bem que ela pede inúmeras vezes pra colocar "binco". Com 2 anos e 5 meses... Mas ainda tô dando um tempo. Outra desculpa esfarrapada é que orelha de nenê ainda é 'cartilagem'. Cola, essa?

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