sábado, 15 de agosto de 2009

A gripe da hora

Por Cláudia Rodrigues

Gripe mexicana, suína, influenza A, H1N1 A gripe da hora, o vírus vilão da vez, os efeitos colaterais do tamiflu, a arrecadação de renda para a vacina, a guerra entre os laboratórios para produzir a vacina, a vacina que não deverá vir sem efeitos colaterais. Tenho medo mesmo é de quem tem medo da gripe. Um amigo mandou uma mensagem: não vai mandar os filhos para a escola até início de setembro, está assustado porque tem dados: na Santa Casa de Porto Alegre morrem de duas a quatro crianças por dia com sintomas da gripe A antes mesmo do resultado do teste. Ora, na Santa Casa de Porto Alegre todo ano nessa época morrem de duas a quatro crianças por problemas respiratórios. Segundo ele sou do contra por não ter medo da gripe. Não tenho mesmo. Acabei de voltar de uma viagem aérea em que levei minha filha de 7 anos. Ela teve febre e todos os sintomas da gripe por 48 horas, se recuperou bravamente com chás, frutas e minha presença. Não tomou antitérmicos, antibióticos e muito menos tamiflu. Felizmente estávamos hospedadas na casa de uma amiga que também acredita em saúde. Ela fez questão de dar amor, aconchego e sequer separou a filha dela, de apenas 3 anos, da minha. Ela pegou, supostamente, o mesmo vírus, a filhinha e o marido também. Passam bem, obrigada. Sou do tipo que só leva filho para hospital se sentir a morte de perto ou por lesões acidentais graves. Em 18 anos de vida materna fui a hospital por queda de cavalo (uma vez), corte profundo após uma queda (uma vez). Dos meus três filhos apenas um tomou antibiótico duas vezes na vida, quando nasceu, por infecção generalizada contraída na maternidade, e outra aos seis anos, por uma pneumonia que não respondeu a cuidados caseiros. Antitérmico, esse remédio feito para acalentar os corações das mães que não suportam ver os filhos prostrados; jamais tomaram. Sou uma pessoa de sorte? Não creio, seria sorte demais, não me vejo livre de nada, mas também não vejo liberdade em apostar em remédio como medida de segurança para continuarem vivos. Acho isso bizarro. Sou do tipo que não faz exames de fezes e nem de sangue para verificar se a saúde das crianças está ok. Sou do tipo que lê Theo Colborn e Robert Mendelson, não sou esotérica e acho radical, para não dizer cruel, acreditar que um bebê quando nasce deve ser separado imediatamente da mãe para ser vacinado. Acho anormal que o ser humano tenha chegado a esse ponto, o de acreditar que um filhote humano saudável que acabou de nascer esteja mais seguro aos cuidados da linha de montagem hospitalar. Acho anormal apostar na cesariana eletiva, bem como no desmame precoce e na introdução de leite de outro animal, que não o humano, para filhotes de humanos. Acredito no corpo, na saúde, no sistema imunológico humano. Preocupam-me sim, os caminhos tecnicistas que viemos percorrendo. A má qualidade da água, o abuso de radiação, inclusive pela medicina, os excessos da comida industrializada e principalmente, como se isso já não bastasse e já não atingisse nossa saúde, a agregação de medicamentos e exames desnecessários. Tamiflu não é um medicamento inofensivo, como a vacina também não será, mas muita gente, sem necessidade, sem sintomas, já está na fila para ser medicado, implorando aos médicos uma receitinha. E conseguirão. No Brasil é fácil conseguir receitas e até cirurgias desnecessárias. A cesariana é apenas uma delas, feita em larga escala. A prescrição de leites artificiais para bebês recém-nascidos vinga em nosso país, uma das maiores plataformas mundiais da medicina tecnicista. Sou humanista e como humanista, acredito na vida como um bem a ser preservado e na morte como algo natural, que ocorrerá por doença ou acidente. Talvez amanhã, mas certamente sem medo de viver e de correr o prazeroso risco de estar viva por mais um dia.

Um comentário:

  1. Identificação total!! Concordo com tudo. Abraços. Anne (Salvador).

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